Mercados de Capitais: Retorno médio dos acionistas sobe para 12%

Estudo da BCG destaca o setor tecnológico e as indústrias tradicionais como os principais criadores de valor entre 2019 e 2023, por oposição às indústrias na área da saúde.
25 de Junho, 2024

Em 2023, os mercados de capitais globais registaram um desempenho notável, refletido num crescimento do retorno médio acionista para 12% ao ano, comparativamente aos 7% verificados entre 2018 e 2022. Esta tendência positiva é destacada no “2024 Value Creators Rankings” da Boston Consulting Group (BCG), que analisou o desempenho de 2.355 empresas de 35 setores entre 2019 e 2023.

O setor tecnológico tem sido o principal motor deste crescimento, com a indústria de desenvolvimento de hardware a liderar a criação de valor, apresentando um retorno médio anual de 27%. Além disso, a indústria de software e a indústria de componentes elétricos também se destacaram, ocupando a 5ª e 9ª posições, respetivamente, com retornos médios anuais de 18% e 15%.

Para Pedro Pereira, Managing Director e Senior Partner da BCG em Lisboa, “os resultados revelam um forte crescimento do setor tecnológico, mas também demonstram a capacidade dos setores industriais tradicionais em alcançar um desempenho excecional em termos de criação de valor. Neste contexto, é importante que as empresas implementem estratégias coesas, que permitam a identificação de mercados promissores e o investimento em inovação.”

De facto, a análise da BCG sublinha a relevância contínua das indústrias tradicionais. O setor mineiro, por exemplo, gerou um retorno médio anual de 20%, posicionando-se em segundo lugar no ranking. A indústria de materiais de construção e a de maquinaria seguiram de perto, ocupando o terceiro e quarto lugares com retornos anuais de 19% e 18%, respetivamente.

Apesar do sucesso geral, alguns setores enfrentaram desafios. A indústria farmacêutica e a de tecnologia médica registaram quebras significativas, com a primeira a cair para o 18º lugar e a segunda para o 24º, uma descida acentuada face às posições de destaque que ocupavam no ano anterior. Esta diminuição pode ser atribuída à estabilização do setor da saúde no período pós-pandémico, tornando-o menos atrativo para os investidores.

Regionalmente, as empresas da Ásia-Pacífico continuam a dominar a criação de valor, ocupando 51 das 100 primeiras posições globais e 39% das dez primeiras por setor. As empresas norte-americanas também mostraram um desempenho robusto, subindo para 38 posições no top 100, em comparação com as 27 posições de 2023. Em contraste, as empresas europeias mantêm-se sub-representadas, assegurando apenas 9 das 100 principais posições e 13% das dez primeiras por setor, apesar de constituírem 20% da amostra analisada.

Para manter ou melhorar os níveis de criação de valor e de TSR (Total Shareholder Return), a BCG recomenda que as empresas invistam em inovação, especialmente em IA e soluções de sustentabilidade. Além disso, é essencial uma gestão eficiente dos custos e um planeamento estratégico robusto. A BCG sublinha a importância de comunicar claramente estas estratégias para atrair investimento e manter a competitividade no mercado.

Este relatório da BCG destaca a resiliência e adaptabilidade das empresas perante um cenário global desafiante, evidenciando a importância de estratégias inovadoras e de um enfoque contínuo na criação de valor a longo prazo.

Opinião