Cristina Fonseca, Managing Partner da Indico Capital

“Investimos cerca de 62 milhões de euros em 41 empresas, e essas empresas levantaram mais de 1.8 biliões de investidores globais”

Conversámos com Cristina Fonseca, co-fundadora do unicórnio português Talkdesk, investidora e sócia do fundo de capital de risco Indico Capital Partners.
Início

Cristina Fonseca é sócia do fundo de capital de risco Indico Capital Partners, conversámos com uma das mais bem-sucedidas empreendedoras portuguesas, que toda a gente respeita e que tem a objetividade de quem já experimentou as dificuldades de vencer. Com o mercado das Start-ups em Portugal a ganhar o seu espaço fomos saber a opinião de quem olha para mercado com a predisposição de assumir ricos.  

Como olha para o atual ecossistema de start-ups em Portugal? Este crescimento de que se fala é um crescimento real ou existe muito marketing a mistura?

Bem, em primeiro lugar, devemos reconhecer que a indústria tecnológica está a passar por um período de ajustes. Em relação ao ecossistema de start-ups em Portugal, é importante notar que este ainda é bastante imaturo e recente. Quando começamos a Indico em 2019, éramos um dos primeiros, senão o primeiro fundo independente em Portugal. Portanto, o ecossistema português é relativamente jovem se comparado a Berlim ou Londres. No entanto, desde então, investimos cerca de 62 milhões de euros em 41 empresas, e essas empresas levantaram mais de 1.8 biliões de investidores globais. Isso mostra que a tecnologia oferece uma oportunidade considerável para Portugal.

Muitas empresas portuguesas nascem globais. Como vê essa tendência em comparação com o mercado espanhol?

A grande diferença entre Portugal e Espanha é a escala do mercado doméstico. Espanha tem um mercado doméstico muito maior, o que leva as empresas a focarem mais nele antes de considerarem a expansão internacional. Por outro lado, as empresas portuguesas tendem a nascer globais desde o início. Isto é uma vantagem para nós, já que muitas empresas espanholas vêm até nós em busca de ajuda para expandir para fora do mercado local.

Sobre o investimento estrangeiro, muitas startups portuguesas têm dificuldade em atrair investimento, especialmente dos EUA. Porque é que isso acontece?

É importante entender as regras do jogo do investimento. Muitas vezes, as empresas estão a procura de investimento estrangeiro, mas não estão no estágio certo para atrair esse tipo de investidor. Os investidores americanos, por exemplo, geralmente estão a procura de empresas mais maduras, que já tenham validado seu modelo de negócios e estejam prontas para escalar. Além disso, os investidores estrangeiros geralmente preferem investir em empresas que já têm um certo nível de tração e estão mais próximas de levantar quantias maiores de capital.

Como tem a Indico Capital Partners contribuído para o desenvolvimento das start-ups portuguesas nos últimos anos?

Nos últimos cinco anos, investimos significativamente em várias empresas e ajudamos a conectar essas start-ups com nossa rede de investidores e parceiros. O fato de já termos investido em 41 empresas e essas empresas terem levantado mais de 1.8 biliões de euros de investidores globais, mostra que somos bons parceiros para as start-ups em estágios iniciais. A nossa rede e experiência ajudam as start-ups a crescer e a expandir seus negócios.

Como você olha para o futuro do ecossistema de start-ups em Portugal?

Vejo um futuro promissor para o ecossistema de start-ups em Portugal. Apesar dos desafios, como a falta de capital e de talento em certas áreas, há uma grande quantidade de boas ideias e empresas com potencial de crescimento. Com o apoio certo, essas start-ups podem tornar-se líderes globais nos seus setores, gerando valor não apenas para elas mesmas, mas também para o país como um todo.

Opinião