O Sporting Clube de Portugal será o primeiro clube na Europa com o estádio equipado a 100% com Wi-Fi 6E.
A nova tecnologia é um projeto 360º, que o Campeão Nacional de Futebol vai implementar no Estádio José Alvalade, Pavilhão João Rocha e Academia Cristiano Ronaldo.
O desenvolvimento da nova infraestrutura de rede de última geração vai trazer vários benefícios para os Sócios e adeptos do Clube, permitindo rapidez de conectividade à rede, melhoria da performance corporativa e descongestionamento das redes móveis.
A tecnologia Wi-Fi 6E permite uma maior velocidade de acesso, melhor qualidade de ligação e redução do consumo de energia dos dispositivos conectados com maior segurança.
Este projeto tem como fornecedores a Extreme Networks e o Grupo Ricoh, e concluirá mais uma etapa crucial na transformação digital do clube, permitindo a renovação completa da infraestrutura de rede do Estádio desde a sua construção.
A integração estará sob a batuta da Totalstor e Pamafe, empresas portuguesas que integram o Grupo Ricoh e que contam com mais de 30 anos de experiência no mercado, sendo parceiras de longa data do Clube.
Conversámos com André Bernardo, Vice-presidente do Sporting Clube de Portugal e com Nuno Marques, Diretor Geral da Totalstor, que nos contaram como foi implementar este projeto.
Quando olha para a tecnologia no desporto, especificamente num clube de futebol como o Sporting, qual a importância que lhe atribui, e o que é que o Sporting está a fazer para se alinhar com as grandes empresas que utilizam tecnologia globalmente? Qual é a estratégia tecnológica do Sporting neste momento?
Do ponto de vista global, estamos a seguir o caminho de desenvolver uma arquitetura que nos permita integrar vários micro-serviços numa estrutura modular. Isto facilita muito a nossa capacidade de resposta e reduz algumas dependências de serviços externos e internos. Queremos ter flexibilidade e rapidez de atuação, visto que a tecnologia evolui muito rapidamente. Estamos focados em utilizar uma infraestrutura de micro-serviços que nos permite ter soluções in-house, o que consideramos fundamental para obter uma vantagem competitiva. Queremos ser capazes de decidir quais aplicações devem ser internas, onde podemos agir com mais independência, e quais podemos adotar de fontes Open Source.
Para o desenvolvimento das soluções in-house (mini software house) que mencionou, a quantas pessoas o Sporting dá trabalho?
In-house temos entre 25 a 40 pessoas, dependendo do projeto. Isto inclui não apenas programadores, mas também administradores de sistemas de rede e outros componentes de IT que são críticos para o desenvolvimento contínuo.
No mais recente projeto Wi-Fi 6 E, quais foram os principais desafios enfrentados durante o processo de instalação da infraestrutura de rede e switch, especialmente considerando a integração de diferentes tecnologias como o Wi-Fi 6E, CCTV e sistemas de controlo de acesso?
O principal desafio foi implementar uma nova infraestrutura enquanto mantínhamos a antiga em funcionamento. Tínhamos que garantir a continuidade dos serviços sem comprometer a implementação da nova infraestrutura. Isto envolveu a substituição de uma rede com 20 anos por uma nova, que nos permitiu até 100 vezes mais velocidade de comunicação em alguns casos. Tivemos também que gerir a instalação de cablagem de rede, fibras, switches e APS, o que adicionou complexidade ao projeto.
E quanto ao impacto dessa mudança para os adeptos?
A notícia de que teríamos Wi-Fi foi bem recebida, mas o impacto real só será sentido quando o serviço estiver disponível para todos. Fizemos um piloto nos camarotes, que correu bem, mas ainda estamos a finalizar a implementação do captive portal. Esperamos abrir para todos os sócios ainda este ano.
Como chegaram à TotalStor, da Ricoh Company, porquê a escolha desta empresa?
Fizemos um caderno de encargos e convidámos várias empresas. A Ricoh surgiu como um parceiro natural com quem já tínhamos uma relação de confiança. Foram os únicos a propor uma solução com Wi-Fi 6E, o que nos permitiu ser o primeiro estádio com 100% de cobertura Wi-Fi 6E. Além disso, apresentaram a melhor relação qualidade-preço e a melhor proposta técnica.
Disse-nos que a integração com o captive portal ainda não está concluída. Quais são os desafios?
Estamos a avaliar duas alternativas e estamos na fase de testes para encontrar a melhor solução.
Sobre a concorrência e a inovação, como é que o Sporting se compara com outros clubes e indústrias?
Não nos focamos apenas nos outros clubes de futebol, mas também em outras indústrias. A tecnologia evolui rapidamente e queremos estar preparados para nos adaptarmos rapidamente a qualquer nova tendência, seja Metaverso, realidade aumentada ou virtual. Estamos a construir uma infraestrutura que nos permita facilmente integrar essas tecnologias no futuro.
Sobre o futuro, o que têm previsto em termos de evolução tecnológica no estádio?
Já anunciámos a tecnologia NFC para os torniquetes e estamos nos passos finais para implementá-la. Também estamos a renovar toda a infraestrutura de CCTV para incluir analítica de vídeo. Além disso, estamos a explorar tecnologias de Edge Computing para melhorar a latência e a performance dos serviços. Estamos também a estudar melhorias no sistema de som, iluminação e Scoreboards.
A nossa prioridade é garantir que estamos preparados para o futuro, com uma infraestrutura flexível e adaptável. Continuaremos a testar e a explorar novas tecnologias, sempre com o objetivo de oferecer a melhor experiência possível aos nossos adeptos e colaboradores.
“Planeamento detalhado e adequado foi essencial para garantir o sucesso do projeto”
Quais as principais dificuldades encontradas na execução e implementação do projeto?
Instalar uma infraestrutura desta dimensão é sempre um processo muito crítico e desafiador, especialmente porque a arquitetura aqui montada, além da disponibilização de Wi-Fi, disponibilizará serviço também a outras áreas, entre elas, o CCTV, os torniquetes do Estádio, o vídeo árbitro e as ligações dos dois datacenters aos operadores de comunicações.
Em implementações desta natureza é natural que surjam desafios durante o processo.
No nosso caso, o planeamento detalhado e adequado foi essencial para garantir o sucesso do projeto. Ou seja, antes de avançarmos para a implementação, foi fundamental realizar um planeamento detalhado e em conjunto com todos os intervenientes. Durante este planeamento, fizemos uma avaliação das necessidades de rede, análise da cobertura Wi-Fi, localização estratégica dos pontos de acesso e dos bastidores a instalar, câmaras de CCTV e dispositivos de controlo de acesso, sem esquecer os requisitos de energia e refrigeração.
Como curiosidade, um dos grandes desafios prendeu-se com a gestão da instalação da cablagem. A integração de várias tecnologias, e a dimensão da solução, levou a uma quantidade significativa de cabos envolvidos. Uma distância superior a 100Kms. Como tal, tivemos que garantir um cuidado e uma organização de forma muito eficiente de toda esta cablagem, algo essencial para manter a integridade da rede e facilitar futuras manutenções e expansões.
A título de curiosidade, na academia, e por estarmos a falar em campo aberto, tivemos o cuidado de garantir que as fibras passadas nos relvados são anti roedores…
Como se desenvolveu a negociação?
A negociação aconteceu de forma natural, dado existir uma relação de confiança, parceria e de grande proximidade com o SCP. Já somos parceiros há muitos anos, estamos diariamente atentos não só às necessidades que podem aparecer, bem como às soluções que surgem no mercado e que de alguma forma podem ajudar a melhorar toda a infraestrutura, serviço e negócio de quem confia em nós. Neste caso, foi muito fácil e natural detetarmos esta oportunidade e apresentar uma solução, que seguramente trará uma melhoria nas condições tecnológicas e no serviço que o Sporting irá dar aos seus colaboradores e adeptos. Para esta solução a escolha do fabricante que é a base da nossa solução foi simples – a Extreme –, que nos dá a melhor garantia para projetos desta natureza e dimensão, não só pela fiabilidade, qualidade e robustez dos seus produtos, mas também pela experiência única que têm neste tipo de soluções. Eram, na altura, a única solução com tecnologia Wi-Fi 6E.
A indústria do futebol tem dimensão em Portugal ou estes projetos ficam pelas três grandes SAD?
Mais do que à indústria do futebol, estamos a falar de uma solução que se aplica a todos os setores que tenham necessidades desta natureza. Espaços de grande dimensão que obriguem a grandes coberturas de rede, até a espaços mais pequenos com soluções de menor dimensão. Atualmente, cada vez é mais natural ter “rede de Wi-Fi” em qualquer local (e por vezes até obrigatório), assim sendo, conseguimos proporcionar soluções que se adaptam de uma forma muito flexível a qualquer tipo de ambiente, de uma forma segura, rápida e eficiente, e com uma altíssima qualidade devidamente comprovada.