De volta ao escritório? Nem pensar!

A exigência de regresso ao escritório traz riscos para as empresas. Segundo a Gartner, um em cada três executivos prefere deixar o atual emprego que voltar ao escritório.
15 de Maio, 2024

O regresso ao escritório após o período de teletrabalho tem sido objeto de debate acalorado entre empregados e empregadores. Enquanto muitos trabalhadores expressam uma relutância em voltar às instalações físicas, as empresas estão cada vez mais pressionantes no regresso ao status quo pré-pandemia. Um recente estudo da Gartner dá alguns sinais do estado a que chegaram as divergentes perspetivas e os desafios associados a este processo.

Segundo os resultados do estudo, a intenção de sair é menos comum entre os não executivos, com apenas 19% a manifestar o desejo de deixar a empresa se o regresso ao escritório for implementado. Entretanto, a visão dos empregadores revela uma postura mais assertiva. Dos gestores de recursos humanos inquiridos, 63% relataram um aumento na expectativa de regresso ao escritório, com 34% já implementando obrigações correspondentes e 13% intensificando as sanções para os trabalhadores que optam por continuar em regime de teletrabalho.

O conflito entre empregados e empregadores é evidente, com muitos líderes de recursos humanos a expressar preocupações sobre o impacto negativo que uma diretiva rígida de regresso ao escritório pode ter na rotatividade de pessoal. Segunda a Gartner, embora a maioria dos gestores tenha apresentado razões convincentes para o regresso ao escritório, muitos não estão preparados para enfrentar esta transição.

Há ainda implicações significativas no mercado de trabalho. Um terço dos candidatos a emprego de nível superior afirmou ter cancelado um processo de recrutamento devido a uma obrigação de regresso ao escritório. Este cenário torna mais difícil para as empresas reter talentos e atrair novos profissionais qualificados.

Diante desse panorama desafiador, a Gartner identificou quatro boas práticas para conciliar a obrigação de regressar ao escritório com as necessidades e preferências dos colaboradores:

1. Motivar, não obrigar: As empresas devem incentivar os colaboradores a regressar ao escritório, oferecendo condições que promovam a eficácia e autonomia no trabalho, como espaços de escritório bem equipados e uma política de trabalho híbrida.

2. Flexibilidade na presença física: Considerar a concentração da presença dos empregados no escritório em atividades regulares e eventos ocasionais, permitindo maior flexibilidade nas demais ocasiões.

3. Envolvimento dos colaboradores: Dar aos empregados a oportunidade de participar na definição dos requisitos de regresso ao escritório, demonstrando que suas necessidades são levadas em consideração.

4. Transparência e justificativa: Claramente justificar o requisito de trabalho no escritório, fornecendo aos colaboradores uma compreensão clara dos motivos por trás dessa decisão.

Em última análise, a busca por um equilíbrio entre as necessidades das empresas e as preferências dos empregados é essencial para garantir um regresso ao escritório bem-sucedido e sustentável. A adoção de práticas que promovam a colaboração, flexibilidade e transparência pode ajudar a mitigar os conflitos e fortalecer a relação entre empregados e empregadores em um ambiente de trabalho em constante evolução.

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