João Miguel MesquitaEsta semana conversamos com Bruno Castro, CEO da Visionware, uma empresa 100% portuguesa, fundada em 2005, especializada em segurança de informação. Uma conversa que passa pela solidez da empresa, da sua expansão para o mercado internacional e de como a cibersegurança “deixou de pertencer às catacumbas da informática”.
Iniciamos esta conversa destacando a volatilidade do mercado de cibersegurança nos últimos anos, especialmente durante e após a pandemia. Para Bruno Castro, houve uma explosão de interesse e investimento na área, impulsionada pela crescente conscientização dos decisores sobre a importância da gestão de riscos cibernéticos. “Finalmente vemos a cibersegurança na agenda dos decisores, não mais como um problema técnico, mas como uma questão de governação.”
Bruno Castro mencionou ainda a mudança significativa no mindset das empresas, que agora veem a cibersegurança como um investimento necessário, em vez de um custo. Esta transformação foi acelerada pelos diversos ataques informáticos que ocorreram em Portugal, obrigando as administrações a priorizarem a segurança digital.
Diferenças entre o sector privado e a administração pública
Ao ser questionado sobre as diferenças na sensibilização entre o sector privado e a administração pública, Bruno Castro destacou que o sector privado está mais avançado na compreensão e gestão dos riscos cibernéticos. “No privado, sabe-se que os impactos financeiros são diretos, o que faz com que a gestão de topo esteja muito mais focada na segurança”, explicou. Em contrapartida, a administração pública ainda está alguns passos atrás, mas tem mostrado progressos significativos.
Novos riscos e Inteligência Artificial
Sobre os novos riscos, como os deepfakes e a inteligência artificial, Bruno Castro expressou uma certa preocupação. O CEO da Visionware acredita que muitas organizações só tomarão medidas preventivas após um incidente significativo. “A minha experiência diz-me que ninguém se vai precaver verdadeiramente para estes riscos até que algo aconteça”, disse Bruno Castro, refletindo sobre a natureza reativa das respostas cibernéticas.
Cumprimento da regulamentação europeia
Em termos de cumprimento das regulamentações europeias, Bruno Castro vê Portugal como um bom seguidor das normas, embora muitas vezes vá “à boleia” das diretrizes europeias. “Portugal responde adequadamente face à nossa dimensão”, afirmou, reconhecendo o esforço do país em se manter alinhado com os normativos europeus, apesar dos desafios.
O sucesso da Visionware e a expansão internacional
A Visionware, prestes a completar 20 anos, tem mostrado resultados financeiros positivos e uma expansão significativa, incluindo a recente abertura de escritórios em Cabo Verde. Bruno Castro atribui este sucesso à resiliência e especialização da empresa. “Nunca invadimos outras áreas. Focámos sempre na cibersegurança e, quando chegou o nosso momento, estávamos preparados”, comentou.
Cabo Verde, segundo Bruno Castro, é um mercado estratégico devido à sua estabilidade política e alinhamento com os normativos europeus. A presença da Visionware no país é vista como um passo importante para a expansão em outros mercados africanos.
Quanto ao futuro, Bruno Castro prevê um crescimento contínuo da Visionware em mercados internacionais, com particular interesse no Médio Oriente, América Latina e África. O gestor enfatizou a importância de se manter atualizado com as inovações tecnológicas e novas regulamentações para atender às necessidades dos clientes.
A conversa com Bruno Castro destacou a evolução e os desafios da cibersegurança em Portugal. Com a crescente conscientização sobre a importância da segurança digital, tanto no sector privado quanto na administração pública, e o foco em inovação e expansão internacional, a Visionware está bem posicionada para continuar a liderar o mercado de cibersegurança.
