A Justiça Digital em Portugal: Equilíbrio entre progressos e desafios

No ambiente entusiasta do Lisbon Talks AI by Starkdata, Pedro Tavares, ex-Secretário de Estado da Justiça de Portugal, proferiu um discurso aliciante sobre a intersecção da tecnologia e dos serviços públicos, provocando na  sala cheia uma atenção redobrada.
22 de Abril, 2024
Pedro Tavares

Abordando a necessidade imperativa de acrescentar valor no acesso aos serviços, particularmente no sector público, Pedro Tavares ofereceu uma visão do caminho que Portugal percorre em direção à modernização e digitalização.

O anterior Secretario de Estado da Justiça de Portugal começou a sua intervenção no Lisbon Talks AI by Starkdata, reconhecendo o pioneirismo de Portugal na transformação digital ao longo das últimas duas décadas, o que lhe valeu o reconhecimento internacional, nomeadamente por parte da Comissão Europeia. O estatuto de Portugal como nação digital é sublinhado pelo seu posicionamento significativo em várias dimensões da experiência e transformação digitais, tal como salientado pelos estudos da OCDE.

No entanto, no meio destas conquistas existem desafios decorrentes de sistemas legados e infraestruturas desatualizadas – uma realidade que Pedro Tavares reconheceu de forma muito objetiva. A coexistência de sistemas envelhecidos com iniciativas mais recentes, orientadas para o digital, representa um desafio formidável para assegurar a prestação de serviços sem descontinuidades, em especial em sectores como a justiça.

Pedro Tavares chamou a atenção para o enorme volume de processos legais – até 500.000 por ano – e para a quantidade impressionante de dados envolvidos, o até ao mês passado membro do governo, enfatizou a necessidade de intervenção tecnológica para navegar eficientemente pelas complexidades. Destacando um caso com mais de três milhões de documentos, salientou a impraticabilidade da análise manual, sublinhando a necessidade de um aumento tecnológico.

Pedro Tavares apresentou sete reflexões-chave baseadas nas experiências do sistema de justiça português, sublinhando a importância de uma visão fundamental alinhada com componentes essenciais. Defendeu uma abordagem centrada no cliente, reconhecendo as diversas necessidades dos cidadãos e a necessidade de serviços adaptados. Além disso, sublinhou a importância de compreender as nuances contextuais e de promover uma cultura organizacional conducente à mudança – um esforço particularmente difícil num cenário burocrático envelhecido.

Numa reflecção sobre o mandado que terminou no dia 10 de março último, Pedro Tavares detalhou os esforços para colmatar o fosso entre os sistemas antigos e as tecnologias emergentes, defendendo a colaboração ativa entre as partes interessadas. Destacou iniciativas destinadas a simplificar processos e a tirar partido de tecnologias como a IA e a aprendizagem automática para automatizar tarefas, aumentando assim a eficiência e a precisão.

Pedro Tavares apelou ainda à gestão proactiva da mudança, salientando a importância de melhorar as competências e redefinir as funções face à evolução dos cenários tecnológicos. Sublinhou o potencial da IA para aumentar as capacidades humanas e racionalizar as operações, desde que seja implementada judiciosamente e com sensibilidade para as implicações sociais.

Tecnologia e Justiça: A importância da autenticidade e da otimização

O ex-secretário de Estado da Justiça de Portugal, Pedro Tavares, enfatizou a importância da autenticidade dos documentos e a otimização dos sistemas judiciais. Destacando os desafios e oportunidades que a Inteligência Artificial (IA) oferece ao campo da justiça, mostrando que é necessário que o setor da justiça em Portugal se adapte às mudanças legais e tecnológicas.

“Qual é a probabilidade de aquele documento ser mais ou menos autêntico?”. Foi a questão central levantada por Pedro Tavares, ressaltando a importância de garantir a autenticidade dos documentos num ambiente cada vez mais digitalizado. O ex-governante tem para si claro que muito trabalho ainda precisa ser feito neste sentido, destacando a necessidade de investigação e estruturação de informações como fundamentais para enfrentar este desafio.

Pedro Tavares abordou ainda a necessidade de otimização dos sistemas judiciais, destacando que sistemas antigos muitas vezes não estão devidamente otimizados para lidar com a necessidade atual. Mencionou também a importância de identificar entraves e melhorar as estatísticas para garantir uma resposta mais eficiente aos casos judiciais.

Pedro Tavares no Lisbon Talks AI by Starkdata

“É importante perceber, realmente nós temos que conseguir trabalhar nessa tal preparação de informação, seja a sumarização, seja outras áreas”, afirmou Tavares, destacando a importância da capacidade preditiva dos sistemas para melhorar a qualidade do serviço judicial.

Outro ponto abordado por Pedro Tavares foi a comunicação, onde ressaltou a necessidade de melhorar a comunicação no setor público, especialmente no campo da justiça, para garantir que as informações sejam transmitidas de forma clara e compreensível para todos os envolvidos.

Ao longo da sua participação no Lisbon Talks AI by Starkdata, Pedro Tavares também falou da importância de investir em competências e formação, tanto no setor público quanto no privado, para garantir que as pessoas estejam preparadas para lidar com as mudanças tecnológicas e legais.

O ex-Secretário de Estado da Justiça de Portugal levou ao Lisbon Talks AI by Starkdata a perspetiva dos que acham, e bem, que a tecnologia só faz sentido se conseguir agregar valor às pessoas e à sociedade como um todo. Destacando a importância de trabalhar com dados claros e abertos, investir em competências e garantir uma comunicação eficaz para promover uma justiça mais ágil e transparente.

Opinião