No 33º Congresso da APDC em Lisboa, que esta a decorrer entre hoje terça-feira dia 14 e amanhã, o professor de Ciência da Computação da Universidade de Washington e autor aclamado por Bill Gates, Pedro Domingos, trouxe uma perspetiva esclarecedora sobre a relação entre Portugal e a Inteligência Artificial (IA). Através de uma intervenção via videoconferência, em direto de Washington, Pedro Domingos destacou a importância de compreendermos a IA como uma ferramenta poderosa e transformadora, mas também alertou sobre os perigos de confundi-la com a inteligência humana.
Pedro Domingos enfatizou que a IA é uma oportunidade extraordinária para Portugal, mas para aproveitá-la ao máximo, é crucial entender sua verdadeira natureza. O professor delineou vários pontos fundamentais que esclarecem a distinção entre IA e inteligência humana.
Em primeiro lugar, Pedro Domingos destacou que a IA é uma subárea da informática dedicada à resolução de problemas intratáveis. É uma ferramenta imperfeita, baseada em heurística, e a maioria das aplicações de IA são muito diferentes das habilidades humanas. Por exemplo, enquanto a IA pode compreender emoções humanas através de indicadores como tom de voz, ainda luta para entender o raciocínio humano.
Uma observação perspicaz de Pedro Domingos foi a de que as tarefas que parecem simples para os humanos muitas vezes são difíceis para a IA e vice-versa. A automação avançada que a IA proporciona reduz significativamente o custo da inteligência, o que pode aumentar a procura de trabalho humano em vez de diminuí-la, como muitos temem.
No entanto, apesar das oportunidades que a IA traz, também há desafios significativos a serem enfrentados. Pedro Domingos apontou desinformação, discriminação, desemprego e extinção como perigos potenciais da IA, mas ressaltou que muitos desses perigos são exagerados. Na verdade, a IA pode desempenhar um papel fundamental na mitigação desses problemas, como combatendo a desinformação nas redes sociais.
Um dos maiores perigos da IA, para Pedro Domingos, é a estupidez artificial – sistemas que cometem erros e produzem resultados inadequados devido à falta de inteligência. Além disso, ele alertou sobre o perigo representado por aqueles que controlam o desenvolvimento da IA, especialmente em regimes totalitários que podem usá-la para fins de controle social.
Pedro Domingos realçou também a importância das democracias se concentrarem em estratégias que promovam o desenvolvimento responsável da IA, garantindo que ela seja utilizada para beneficiar a sociedade como um todo. Ele argumentou que limitar a IA não é a solução, mas sim aumentá-la e distribuí-la de forma a promover a inovação e o progresso.
Para Portugal, o professor destacou a oportunidade de evitar os erros cometidos por outros países e se posicionar como líder na introdução e desenvolvimento da IA. Com uma comunidade de IA de primeira linha e indústrias ágeis, Portugal tem os recursos e a capacidade de se destacar nesse campo em constante evolução.
O professor que Bill Gates recomenda veio ao Congresso da APDC trazer uma visão perspicaz sobre o papel da IA em Portugal e no mundo. Ao entendermos as oportunidades e desafios que a IA apresenta, podemos aproveitar ao máximo seu potencial para melhorar a qualidade de vida e impulsionar o progresso em nossa sociedade.