Inteligência Artificial: Uma oportunidade para Portugal

“Portugal deve evitar os erros de outros países. Temos uma comunidade de primeira linha de IA, tem indústrias onde pode ser líder na introdução de IA, tem uma agilidade que outros países não têm.”
14 de Maio, 2024
Pedro Domingos

No 33º Congresso da APDC em Lisboa, que esta a decorrer entre hoje terça-feira dia 14 e amanhã, o professor de Ciência da Computação da Universidade de Washington e autor aclamado por Bill Gates, Pedro Domingos, trouxe uma perspetiva esclarecedora sobre a relação entre Portugal e a Inteligência Artificial (IA). Através de uma intervenção via videoconferência, em direto de Washington, Pedro Domingos destacou a importância de compreendermos a IA como uma ferramenta poderosa e transformadora, mas também alertou sobre os perigos de confundi-la com a inteligência humana.

Pedro Domingos enfatizou que a IA é uma oportunidade extraordinária para Portugal, mas para aproveitá-la ao máximo, é crucial entender sua verdadeira natureza. O professor delineou vários pontos fundamentais que esclarecem a distinção entre IA e inteligência humana.

“Portugal deve evitar os erros de outros países. Temos uma comunidade de primeira linha de IA, tem indústrias onde pode ser líder na introdução de IA, tem uma agilidade que outros países não têm.”

Em primeiro lugar, Pedro Domingos destacou que a IA é uma subárea da informática dedicada à resolução de problemas intratáveis. É uma ferramenta imperfeita, baseada em heurística, e a maioria das aplicações de IA são muito diferentes das habilidades humanas. Por exemplo, enquanto a IA pode compreender emoções humanas através de indicadores como tom de voz, ainda luta para entender o raciocínio humano.

Uma observação perspicaz de Pedro Domingos foi a de que as tarefas que parecem simples para os humanos muitas vezes são difíceis para a IA e vice-versa. A automação avançada que a IA proporciona reduz significativamente o custo da inteligência, o que pode aumentar a procura de trabalho humano em vez de diminuí-la, como muitos temem.

No entanto, apesar das oportunidades que a IA traz, também há desafios significativos a serem enfrentados. Pedro Domingos apontou desinformação, discriminação, desemprego e extinção como perigos potenciais da IA, mas ressaltou que muitos desses perigos são exagerados. Na verdade, a IA pode desempenhar um papel fundamental na mitigação desses problemas, como combatendo a desinformação nas redes sociais.

Um dos maiores perigos da IA, para Pedro Domingos, é a estupidez artificial – sistemas que cometem erros e produzem resultados inadequados devido à falta de inteligência. Além disso, ele alertou sobre o perigo representado por aqueles que controlam o desenvolvimento da IA, especialmente em regimes totalitários que podem usá-la para fins de controle social.

Pedro Domingos realçou também a importância das democracias se concentrarem em estratégias que promovam o desenvolvimento responsável da IA, garantindo que ela seja utilizada para beneficiar a sociedade como um todo. Ele argumentou que limitar a IA não é a solução, mas sim aumentá-la e distribuí-la de forma a promover a inovação e o progresso.

Para Portugal, o professor destacou a oportunidade de evitar os erros cometidos por outros países e se posicionar como líder na introdução e desenvolvimento da IA. Com uma comunidade de IA de primeira linha e indústrias ágeis, Portugal tem os recursos e a capacidade de se destacar nesse campo em constante evolução.

O professor que Bill Gates recomenda veio ao Congresso da APDC trazer uma visão perspicaz sobre o papel da IA em Portugal e no mundo. Ao entendermos as oportunidades e desafios que a IA apresenta, podemos aproveitar ao máximo seu potencial para melhorar a qualidade de vida e impulsionar o progresso em nossa sociedade.

Opinião