Estudo Deloitte indica que 60% dos portugueses conhece pelo menos uma ferramenta de  IA generativa

O estudo foi realizado em 17 países e revela a existência de diferenças geográficas: por exemplo, o Reino Unido apresenta um número mais reduzido (52%) no que diz respeito ao conhecimento de ferramentas de IA generativa.
24 de Janeiro, 2024

A IA generativa está mais do que nunca presente na vida dos consumidores portugueses com 60%, isto é, três em cada cinco, a afirmar que conhece pelo menos uma ferramenta, sendo a mais comum o ChatGPT (54%). No entanto, são menos aqueles que a utilizam com regularidade, ou seja, pelo menos uma vez por semana (28%). Estas conclusões fazem parte do Digital Consumer Trends 2023, o estudo da Deloitte que analisa os hábitos de utilização de produtos e serviços digitais pelos consumidores. 

O estudo foi realizado em 17 países e revela a existência de diferenças geográficas: por exemplo, o Reino Unido apresenta um número mais reduzido (52%) no que diz respeito ao conhecimento de ferramentas de IA generativa.

A maioria dos inquiridos (68%) que conhecem a GenAI já utilizou pelo menos uma destas ferramentas, 74% por motivos pessoais. Por outro lado, cerca de 40% afirmaram ter usado estas ferramentas por motivos profissionais e 31% no âmbito da educação. O estudo conclui que mais de metade (56%) dos portugueses acreditam que a Inteligência Artificial Generativa irá reduzir o número de empregos disponíveis no futuro, com 47% a admitirem estar preocupados com o facto de, no futuro, algumas das suas funções no local de trabalho virem a ser absorvidas pela Inteligência Artificial Generativa. 

Entre os profissionais que afirmam já ter utilizado esta tecnologia em franca expansão, 28% acreditam que o seu empregador concordaria com a utilização destas ferramentas. Dois em cada cinco (40%) utilizadores dizem que estariam dispostos a pagar por uma ferramenta de Inteligência Artificial Generativa para poderem fornecer respostas mais rápidas e estar mais disponíveis para tarefas que exijam mão humana.

De acordo com Pedro Tavares, Partner da Deloitte, “os avanços tecnológicos acontecem a uma velocidade cada vez maior, e os consumidores estão a acompanhar esta mudança. Um dos exemplos é a inteligência artificial generativa. Contudo, apesar de os dados nos indicarem que uma parte dos consumidores perdeu o interesse após a sua ‘explosão’ inicial, o potencial transformador desta inovação continua a ser motivo de entusiasmo, mas também de alguma preocupação”, acrescenta.

Utilização de aparelhos tecnológicos continua a aumentar

Outra das conclusões do estudo prende-se com o uso de aparelhos tecnológicos que aumentou desde o ano passado, com os wearables ou tecnologias vestíeis – dispositivos semelhantes a roupa ou acessórios, como relógios, pulseiras ou mesmo óculos de realidade virtual – a crescerem em popularidade: 38% dos portugueses têm um relógio inteligente, e 25% têm uma pulseira fitness; e 77% destes monitorizam a sua saúde nos seus dispositivos. Dentro deste grupo, a maioria dos inquiridos (78%) sentir-se-ia confortável em dar acesso aos dados de saúde monitorizados ao seu médico. A monitorização dos passos continua a ser a atividade mais popular registada nestes dispositivos: 62% dos inquiridos afirmam fazê-lo, seguida da monitorização do ritmo cardíaco (42%), do tipo/quantidade de exercício (36%) e dos padrões de sono (35%).

Menos surpreendente pela popularidade destes aparelhos, o acesso a smartphones também aumentou em um ponto percentual desde o ano passado: 95% dos portugueses entre os 18 e os 65 anos tem um smartphone. O segundo aparelho digital mais comum é o computador portátil, com 87% dos portugueses a afirmar ter um.

Os portugueses mostram, também, algum entusiasmo pelas soluções de identidade digital, com uma percentagem considerável a afirmar que gostaria de poder utilizar o seu smartphone para aceder aos dados do seu bilhete de identidade (45%) ou da sua carta de condução (42%). E quase metade (48%) usa o smartphone ou smartwatch inteligente para fazer pagamentos, percentagem que cresce entre os utilizadores da Apple (60%).

No entanto, quando inquiridos sobre a possibilidade de partilhar os seus dados pessoais com as autoridades, poucos se mostram a favor. Apenas 28% estariam dispostos a fornecer acesso ao seu histórico de navegação; 30% estariam dispostos a dar acesso a um registo digital do seu rosto; e 44% à localização do seu telemóvel, mesmo que isto significasse uma proteção mais eficaz contra fraudes. Em comparação com o estudo realizado no Reino Unido, os portugueses revelam-se mais tímidos: 33% dos participantes no Reino Unido mostram-se dispostos a dar acesso ao seu histórico de navegação; 39% a um registo digital do seu rosto; e 41% à localização do dispositivo.

O estudo indica ainda que o aspeto que os portugueses mais valorizam ao comprar um telemóvel novo – além do preço – é a capacidade de armazenamento (38%), seguido da velocidade do processador (36%), das características da câmara (30%) e da duração da bateria segue-se de perto (29%). Três em cada quatro inquiridos (78%) afirmam tentar reparar dispositivos que se tenham avariado antes de comprar um novo. Por outro lado, e atendendo ao impacto ambiental dos aparelhos eletrónicos, apenas 23% têm conversas regulares com família ou amigos sobre as emissões de carbono de diferentes atividades, e mais de metade (58%) não fazem ideia qual é a sua pegada de carbono.

Streaming é ainda um dos serviços preferidos

Mais de metade dos portugueses (57%) têm acesso a um serviço de streaming de vídeo pago e 32% têm acesso a um serviço de streaming de música pago. O serviço de streaming de vídeo mais popular é a Netflix, com 41% dos inquiridos a utilizarem este serviço. No entanto, a popularidade desta plataforma desceu em Portugal: este número representa uma descida de 12 pontos percentuais em relação à última edição do estudo, o que pode estar relacionado com a tentativa da Netflix de eliminar a partilha de  palavras-passe.

Nesta linha, quase um em cada quatro inquiridos (23%) cancelou uma subscrição paga de um serviço de subscrição de vídeo nos últimos 12 meses, destacando-se o facto de a assinatura ser demasiado cara como a principal razão para o cancelamento (23%). 

29% dos inquiridos afirmam ainda já ter visto informações apresentadas como verdadeiras nas redes sociais, mas que posteriormente se provou serem falsas, comummente designadas como “fake news”, com maior regularidade nos últimos 12 meses. Outros 24% afirmam ter visto este tipo de situação com o mesmo nível de regularidade.

Quase metade dos utilizadores de smartphones (48%) têm rede 5G no seu telemóvel, sendo que três em cada 5 (60%) afirmam que a sua experiência de internet móvel em 5G é melhor do que em 4G. Por outro lado, três em cada quatro inquiridos (75%) têm uma ligação à internet de banda larga fixa em casa e a maioria tem-na associada a um pacote de televisão (77%) ou a um telefone fixo (66%). A maioria (74%) diz estar satisfeito com a sua ligação doméstica à internet. Por outro lado, 54% alteraram o seu serviço de internet doméstica nos últimos 12 meses e 14% mudaram de fornecedor nos últimos 12 meses.

O estudo, que a nível global contou com entrevistas a 27,150 consumidores, provenientes de 17 países em três continentes, foi conduzido também com 1.000 consumidores portugueses.

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