João Miguel Mesquita
Num cenário onde a tecnologia evolui mais rápido do que a capacidade humana de a compreender ou dominar, a Vodafone Portugal decidiu virar o foco: da máquina para a pessoa. Em parceria com a britânica CybSafe, a operadora apresentou esta quarta-feira, no Porto, a Vodafone Business Security Awareness, uma plataforma desenhada para transformar os colaboradores das empresas no elo mais forte da cadeia de cibersegurança.
A revelação foi feita durante o Vodafone Cybersecurity Day, evento anual da divisão empresarial da operadora, este ano subordinado ao tema “A Humanização da Cibersegurança” — uma escolha que não foi mero branding. A proposta é clara: parar de ver o erro humano como uma inevitabilidade e começar a tratá-lo como uma variável treinável e monitorizável.
A Vodafone Business Security Awareness apresenta-se como uma solução centrada no utilizador, mas alavancada por tecnologia de ponta. A plataforma cruza inteligência artificial, ciência comportamental, análise de dados e psicologia para identificar fragilidades nos comportamentos digitais dos colaboradores e, com base nesses dados, criar planos de treino personalizados.
Não se trata de mais uma formação genérica com vídeos e quizzes. O que está em causa é um modelo dinâmico de capacitação: avaliar o risco comportamental de cada colaborador e usar esse perfil para ajustar os conteúdos e o tipo de apoio oferecido — desde alertas em tempo real a assistência virtual para lidar com ameaças como phishing ou ransomware.
Democratizar a cibersegurança
Um dos grandes méritos desta solução, segundo a operadora, é a acessibilidade. A plataforma foi pensada para empresas de todas as dimensões, mas com especial enfoque nas pequenas e médias empresas — muitas vezes as mais vulneráveis por falta de recursos especializados.
Ao permitir visibilidade sobre o grau de maturidade digital dos colaboradores, a Vodafone Business Security Awareness funciona também como uma ferramenta de gestão de risco: mostra às lideranças onde estão os pontos fracos e sugere ações para mitigar vulnerabilidades antes que se tornem incidentes.
É, de certo modo, uma inversão de paradigma: em vez de reforçar apenas o perímetro digital com firewalls e antivírus, a proposta passa por reforçar o “perímetro humano”.
A aposta da Vodafone e da CybSafe insere-se numa tendência mais ampla no setor: reconhecer que 90% dos incidentes de cibersegurança têm origem em falhas humanas, mas que essas falhas podem ser prevenidas com treino adequado. E que esse treino pode, e deve, ser adaptado ao comportamento real dos utilizadores.
A plataforma recorre a dados em tempo real para ajustar os seus módulos de treino, promover uma aprendizagem contínua e reforçar boas práticas com provas empíricas de eficácia. Tudo isto apoiado por evidência científica e algoritmos de aprendizagem comportamental.
A edição de 2025 do Cybersecurity Day trouxe para o palco o que muitos evitam discutir: que a tecnologia, por mais avançada que seja, pouco vale se não for usada de forma consciente. A iniciativa da Vodafone aponta para um futuro onde o ser humano deixa de ser o “problema da cibersegurança” para passar a ser o seu maior trunfo.
Num mercado saturado de soluções técnicas, a Vodafone Business Security Awareness destaca-se não por prometer proteção total — um conceito ilusório — mas por assumir que a defesa começa nas pessoas e que a melhor tecnologia é aquela que as ajuda a decidir melhor.
