Um “não” a uma candidatura a um emprego não significa necessariamente o fim do caminho

A Diretora de Pessoas e Comunidade da BetterUp, Jolen Anderson, explicou como transformar uma rejeição após uma entrevista numa nova oportunidade de networking para encontrar um emprego.
23 de Abril, 2025

O mercado de trabalho tecnológico atual continua a ser apertado e as organizações estão a tornar-se cada vez mais seletivas nas suas contratações. Perante este cenário, Jolen Anderson (Chief People & Community Officer da BetterUp, uma empresa que ajuda as empresas e os profissionais a tirarem o melhor partido de si próprios e a fazerem as mudanças de direção que os mercados exigem para se adaptarem a eles) recomenda que se faça “jogo a jogo”, como costumava dizer o treinador do Sporting, Ruben Amorim, valorizando as realizações modestas, como a participação num evento de networking, ou a inscrição num curso para adquirir novas competências e conhecimentos, para sustentar o espírito e manter a inércia da procura de emprego.

Anderson fez estas declarações à CNBC na última edição da conferência Uplift, organizada pela própria BetterUp.

O que o executivo passou a delinear é uma orientação para que os profissionais que recebem uma rejeição após várias rondas de entrevistas transformem o resultado negativo num ponto de partida para fomentar novos relacionamentos dentro da indústria. Anderson sublinhou que cada interação no processo de seleção deixa uma marca pessoal e pode traduzir-se num valioso contacto futuro.

Do “lamentamos” a um contacto valioso

Aceitar a rejeição é sempre difícil, especialmente após semanas de conversas e testes. No entanto, Anderson encoraja a encarar esta resposta como uma extensão imediata da agenda de carreira: os entrevistadores (recrutador e equipa técnica incluídos) já conhecem as competências do candidato e podem tornar-se aliados para uma futura mudança.

Nas palavras da gestora da BetterUp, estas horas partilhadas são prova de conquistas, experiência e forma de trabalhar, criando assim um cartão de visita difícil de replicar noutros contextos e que merece ser aproveitado antes que se desvaneça com o passar do tempo.

Por conseguinte, a recusa não só fecha a vaga, como também abre uma via privilegiada para os profissionais da mesma área que, por vezes, estão dispostos a recomendar perfis adequados a outras organizações.

Primeiro passo: agradecer e perguntar

O que Anderson propõe é que se envie uma mensagem de agradecimento à pessoa com quem se estabeleceu uma maior relação durante o processo. Nesta mensagem, para além de reconhecer o tempo investido pela empresa, é aconselhável expressar que as suas competências não se adequavam à posição específica e, em seguida, perguntar se existem outras vagas internas ou contactos externos que possam ser do seu interesse.

O formato da mensagem pode ser um e-mail direto, uma submissão no LinkedIn ou mesmo uma comunicação enviada pelo recrutador em nome do candidato. O essencial é agir com rapidez, clareza e cortesia profissional.

O executivo sublinha que pedir referências não implica presumir o mérito nem exige uma argumentação extensa; basta recordar brevemente a coincidência de valores e objetivos demonstrada durante as entrevistas.

Risco mínimo, benefício potencial

De acordo com Anderson, o pior cenário possível é a ausência de resposta. No entanto, o jogo é assimétrico: o custo para o candidato é quase nulo, e o ganho pode ser sob a forma de uma recomendação direta. A gestora admite que, em muitas ocasiões, encaminhou candidatos rejeitados para amigos, empresas conhecidas ou funções mais adequadas ao seu perfil.

Num mercado exigente, esta estratégia apoia a convicção de que as organizações estão à procura de cada profissional para acrescentar valor e prosperar. Para os gestores de TI e de aquisições tecnológicas, o conselho da BetterUp sublinha a importância de preservar as ligações e de defender proactivamente o seu próprio percurso profissional, mesmo quando a primeira resposta é negativa.

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