Siemens vê lucros em queda e reduz perspetiva de vendas para 2025

A Siemens, que atua em 200 países, enfrenta agora o desafio de equilibrar o impacto de uma possível recessão industrial com o crescimento de segmentos estratégicos.
14 de Novembro, 2024

A gigante alemã de engenharia e tecnologia anunciou uma descida nos lucros do seu setor industrial e reviu em baixa as previsões de vendas para o próximo ano, num contexto de incertezas geopolíticas e de procura enfraquecida. Os resultados, frequentemente vistos como um indicador-chave para a economia global, refletem os desafios crescentes no setor industrial, onde a Siemens se destaca com produtos que vão desde software para fábricas até à construção de infraestruturas.

Desempenho financeiro: Lucro industrial em queda

No trimestre encerrado em setembro, o lucro operacional da Siemens no setor industrial caiu 7%, para 3,12 mil milhões de euros, embora ainda tenha superado as previsões dos analistas, que estimavam 3,0 mil milhões de euros. Apesar desta queda nos lucros, as receitas totais do grupo subiram ligeiramente para 20,81 mil milhões de euros, ultrapassando também as expectativas do mercado de 20,77 mil milhões de euros.

Em termos comparáveis – eliminando os efeitos de variações cambiais, aquisições e desinvestimentos – as vendas registaram um crescimento modesto de 2%. Contudo, para o próximo ano fiscal, que termina em setembro de 2025, a Siemens espera agora um crescimento das receitas entre 3% e 7%, uma revisão em baixa em relação à meta anterior de 4% a 8%.

Perspetivas 2025: Crescimento moderado e os riscos geopolíticos

A empresa projeta uma desaceleração para 2025, assinalando os riscos que a economia global enfrenta. “Esperamos um crescimento macroeconómico moderado no exercício fiscal de 2025, devido, em parte, à incerteza geopolítica contínua, incluindo conflitos comerciais, e aos desafios persistentes para o setor industrial, como a sobrecapacidade e a fraca procura dos consumidores,” explicou a Siemens num comunicado publicado pela Reuters. A empresa ressalva que os setores de infraestruturas, particularmente em eletrificação e mobilidade, mantêm uma forte procura, sugerindo que alguns segmentos poderão atenuar o impacto das dificuldades gerais.

Os resultados da Siemens são vistos como um barómetro da saúde económica global, uma vez que os seus produtos são amplamente usados em fábricas e projetos de infraestrutura. A recente queda nos lucros industriais da Siemens reflete não só as dificuldades internas da empresa, mas também as pressões macroeconómicas mais amplas que têm afetado o setor industrial em várias economias. Os desafios são exacerbados pela incerteza em torno de conflitos comerciais e tensões políticas, que têm impactado o comércio global e restringido a capacidade das indústrias de fazer investimentos significativos.

Apesar das dificuldades, a Siemens mantém a confiança nos seus mercados de infraestruturas, especialmente na eletrificação e mobilidade, onde a procura permanece robusta. A empresa tem investido de forma consistente em tecnologia e inovação nestes setores, visando capturar a crescente necessidade de soluções sustentáveis e eficientes, impulsionada pela transição energética e pela modernização das infraestruturas.

A Siemens, que atua em 200 países, enfrenta agora o desafio de equilibrar o impacto de uma possível recessão industrial com o crescimento de segmentos estratégicos. Resta saber se a aposta nos mercados de eletrificação e mobilidade conseguirá compensar a desaceleração observada no setor industrial e sustentar o crescimento a longo prazo da empresa.

Perspetiva para os investidores

A revisão em baixa das previsões de vendas poderá levantar preocupações entre os investidores, que vêm na Siemens um dos pilares da economia alemã e europeia. No entanto, a resposta positiva do mercado à superação das previsões de lucros indica que os investidores ainda mantêm confiança na capacidade da Siemens para navegar num ambiente global cada vez mais complexo.

Com a pressão sobre os lucros industriais, a Siemens terá de equilibrar o corte de custos e a inovação em setores de maior crescimento. O desempenho futuro dependerá da habilidade da empresa para mitigar os efeitos das incertezas geopolíticas, reforçando a sua posição nos setores de infraestrutura e sustentabilidade.

Opinião