Seis tendências para o futuro das redes de telecomunicações

O primeiro desafio para as empresas de telecomunicações será a exploração de todas as vantagens que a cloud pública oferece, com a gestão simultânea e eficiente das suas clouds privadas.
8 de Abril, 2024

Nas últimas décadas, assistimos ao salto tecnológico do 4G para o 5G, uma evolução que abrirá um novo capítulo com a chegada do 6G. Neste contexto de mudança contínua, existem seis tendências que serão decisivas para o futuro das redes e que vão marcar o mercado das Telecomunicações nos próximos anos: a migração para a cloud; a disponibilidade e automatização de API; as redes privadas de 5G; a desagregação da rede de acesso móvel (Open RAN); o impulso das capacidades da IA Generativa; e a Governação de Dados. 

O primeiro desafio para as empresas de telecomunicações será a exploração de todas as vantagens que a cloud pública oferece, com a gestão simultânea e eficiente das suas clouds privadas. Tecnologias como 5G Slicing, NFV e SDN quando combinadas com cloud computing potenciam a escalabilidade, a agilidade e a eficiência. A infraestrutura cloud suporta a alocação dinâmica dos recursos, permitindo operações de rede mais eficientes. A combinação destas tecnologias reformula as arquiteturas das redes, potenciando inovação (com o lançamento de novos serviços) e revolucionando a experiência dos clientes.

Em segundo lugar, a disponibilidade de API (Application Programming Interface) e a automatização têm como objetivo facilitar a interoperabilidade entre equipamentos e sistemas, evitando a dependência excessiva de diferentes fornecedores. Neste âmbito, as iniciativas conduziram ao desenvolvimento de redes definidas por software, que permitem separar completamente a parte de controlo do hardware dos elementos da rede, assim como a virtualização das funções de rede, que se centra na virtualização das funções de rede que podem ser executadas por diferentes nós. Ambas as tecnologias têm vários objetivos, entre os quais a redução da dependência de grandes fornecedores de equipamentos; a promoção de uma operação e manutenção mais eficientes; a facilitação da evolução da rede; e, por fim, avançar para novos paradigmas como DevOps e AIDevOps através da aplicação de IA e ML (Machine Learning).

Quanto às redes privadas 5G, estas oferecem uma solução para as necessidades das indústrias verticais, nas chamadas operações criticas, permitindo-lhes fazer com que diferentes dispositivos (sensores, robots, drones, telefones), bem como pessoas e máquinas, se comuniquem eficazmente. Permitem também a criação de serviços inovadores que aumentam a produtividade, a eficiência e o valor para os clientes. 

A RAN vem juntar-se a tudo isto. A sua importância para a indústria é tal que, em novembro de 2021, os cinco maiores operadores europeus apresentaram um relatório à União Europeia destacando a necessidade urgente de dar prioridade à Open RAN como uma estratégia chave para a Europa. Isto representa uma oportunidade para a região se posicionar como líder em 5G e 6G através da construção de um ecossistema de RAN aberto, grande e forte. O objetivo da Open RAN é desagregar e virtualizar a rede, adotando uma abordagem aberta e interoperável que procura fomentar a inovação, melhorar a eficiência da rede e reduzir a dependência de fornecedores.

Em 2024 vamos assistir à adoção crescente de modelos de Inteligência Artificial Generativa nas operações dos operadores,  modelos avançados que vão estar cada vez mais presentes no suporte da experiência dos seus clientes, nas configurações de serviços e nas suas próprias redes, assim como no processamento de edge computing, resultando numa maior rapidez de processamento e redução no impacto ambiental das suas infraestruturas (redução do consumo de energia).

Por último, a governação das enormes quantidades de dados que podem ser explorados pelas empresas de telecomunicações representa mais um desafio para o setor. Em termos de acesso aos dados, as abordagens de “virtualização dos dados” estão a ganhar terreno, baseando-se na utilização de fontes originais em vez de armazenar cópias em grandes armazéns que tendem a estar desatualizados, a impor um modelo de dados muito rígido e, evidentemente, a aumentar as necessidades de espaço. Por conseguinte, é essencial dispor de uma estratégia e de mecanismos de implementação de processos de governação de dados para tirar o máximo partido desta informação.

Estas seis tendências vão moldar o cenário das telecomunicações nos próximos anos, representando não só desafios, mas também oportunidades para as empresas que operam neste setor. A combinação destas tendências promete revolucionar as arquiteturas das redes, impulsionando a inovação, melhorando a eficiência operacional e elevando a experiência do cliente a patamares ainda mais elevados. Enquanto nos aproximamos cada vez mais da era do 6G, é imperativo que as empresas de telecomunicações estejam preparadas para abraçar a mudança, com estratégias sólidas de implementação para capitalizar plenamente as vantagens proporcionadas por estas tendências emergentes.

Nelson Pereira é Diretor do Mercado de Telecom e Media na Minsait

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