Revolut exige mais ação da Meta no combate à fraude

Um relatório da Revolut destaca que as plataformas da Meta continuam a ser a principal fonte de burlas reportadas à empresa no primeiro semestre de 2024.
4 de Outubro, 2024

A fintech global Revolut, com 1,3 milhões de utilizadores em Portugal e 45 milhões a nível mundial, lançou um apelo urgente à Meta, exigindo que a gigante tecnológica assuma um compromisso mais robusto no reembolso às vítimas de fraude. A Revolut, que divulgou a segunda parte do seu “Relatório de Segurança do Consumidor e Crimes Financeiros”, considera que a recente parceria de partilha de dados anunciada pela Meta não é suficiente para combater a fraude global, deixando os consumidores vulneráveis e sem garantias de proteção financeira.

O relatório da Revolut destaca que as plataformas da Meta continuam a ser a principal fonte de burlas reportadas à empresa no primeiro semestre de 2024. Com 62% das fraudes originadas em plataformas como o Facebook, Instagram e WhatsApp, a situação permanece praticamente inalterada face ao segundo semestre de 2023 (64%). Isto revela que, apesar das tentativas da Meta em abordar o problema, a prevalência da fraude nas suas plataformas continua elevada e sem melhorias significativas.

Segundo a Revolut, a resposta da Meta, que anunciou uma parceria com bancos e instituições financeiras no Reino Unido para partilhar dados relacionados com fraudes, é insuficiente e demasiado limitada em termos geográficos e de impacto. Woody Malouf, Head of Financial Crime da Revolut, afirmou: “Estes planos são passos de bebé, quando o que o setor realmente precisa é de dar saltos gigantescos.” Malouf sublinha que a Meta deve partilhar a responsabilidade no reembolso das vítimas de fraudes originadas nas suas plataformas, que muitas vezes beneficiam de anúncios fraudulentos e atividades ilícitas.

As fontes de burla em Portugal

A Revolut defende que a fraude é um problema global e que a abordagem da Meta, centrada apenas no Reino Unido, ignora a magnitude da questão. Em Portugal, o relatório revela que 52% das fraudes relatadas à Revolut no primeiro semestre de 2024 tiveram origem nas plataformas da Meta, representando uma ligeira diminuição em relação ao semestre anterior (58%). No entanto, o Telegram, com 29%, e o WhatsApp, com 24%, também emergem como plataformas significativas no cenário de fraudes em Portugal, demonstrando a complexidade e diversidade das fontes de burla.

A nível global, as burlas de compras continuam a ser as mais prevalentes, representando 60% dos casos reportados. Em Portugal, este tipo de fraude corresponde a 45% das fraudes registadas, colocando o país em linha com outras nações do sul da Europa, como Espanha e Grécia. No entanto, o relatório alerta para o aumento preocupante das burlas de emprego, que mais que duplicaram desde o final de 2023, passando a representar 18% dos casos globais. Esta tendência reflete o crescente uso de esquemas fraudulentos que exploram a vulnerabilidade de quem procura trabalho, especialmente num contexto de incerteza económica.

A Revolut considera que as plataformas sociais, nomeadamente a Meta, têm de assumir uma maior responsabilidade no combate à fraude. A fintech apela à Meta para que:

Reforce a monitorização das suas próprias plataformas, em vez de depender exclusivamente dos dados fornecidos por instituições financeiras;

Amplie as iniciativas de combate à fraude para além do Reino Unido, abordando o problema como um fenómeno global;

Partilhe o custo do reembolso das vítimas de fraude, em linha com o que as instituições financeiras já fazem.

Segundo a Revolut, a ausência de um compromisso claro por parte da Meta neste último ponto cria uma lacuna significativa na proteção dos consumidores, deixando as instituições financeiras e as próprias vítimas a suportar o peso dos prejuízos.

O que faz a Revolut para aumentar a segurança

Como parte dos seus esforços contínuos para proteger os seus utilizadores, a Revolut tem vindo a aumentar substancialmente os seus investimentos em segurança e prevenção de fraude. A empresa, que evitou fraudes no valor de mais de 475 milhões de libras em 2023, reforçou a sua equipa de combate à criminalidade financeira, que agora representa um terço da sua força de trabalho global. A Revolut também lançou recentemente o Revolut Secure, um conjunto de funcionalidades avançadas que dão aos clientes maior controlo sobre a proteção das suas contas e transações.

A Revolut está ainda a trabalhar em estreita colaboração com governos e outras empresas tecnológicas para melhorar as normas de segurança digital e combater a fraude na sua origem, promovendo um ambiente online mais seguro e transparente.

À medida que se aproximam as novas regras para combater a fraude no Reino Unido, a Revolut reforça a sua posição de liderança na proteção dos consumidores, mas sublinha que o envolvimento das grandes plataformas tecnológicas, como a Meta, é fundamental para enfrentar este desafio global. Sem um compromisso mais firme destas empresas, a lacuna na proteção das vítimas de fraude continuará a crescer.

Woody Malouf afirmou que a empresa está preparada para fazer a sua parte para manter os clientes seguros, “e as plataformas sociais também o devem fazer. Devemos ser a última linha de defesa, não a única.”