O desporto sempre foi uma celebração da superação: correr mais rápido, saltar mais alto, ser mais forte, ir além dos próprios limites! Hoje, porém, um novo protagonista entrou em campo, a inteligência artificial não é apenas uma ferramenta mas sim um parceiro estratégico, capaz de expandir as capacidades humanas e transformar o desporto em todas as suas dimensões.
No futebol, plataformas como Stats Perform e Catapult já não são apenas sensores e algoritmos. São autênticos membros da equipa técnica, analisando métricas em tempo real. Estas soluções conseguem, por exemplo, “prever” lesões antes que aconteçam, ajustando cargas de treino e pausas estratégicas. Funcionam como fisioterapeutas invisíveis, sempre a postos para proteger e prolongar a carreira dos atletas, assegurando performances de alto nível.
O scouting é outro domínio onde a inteligência artificial já começa a mudar o jogo. Alguns grandes clubes, como o Liverpool FC por exemplo, já utilizam dados globais para encontrar a próxima estrela, e já exploram ligas inferiores à procura de jogadores com outro tipo de potencial. Jogadores que ao olho humano pode ignorar, pois não têm a dimensão necessária, mas que o olho digital reconhece como valiosos. Não se trata apenas de descobrir novos talentos, mas de entender como esses talentos se encaixam numa visão tática e estratégica específica.
Contudo, não posso deixar de me questionar: se a IA é tão rápida e precisa, por que ainda não resolvemos um dos maiores desafios do futebol moderno: o VAR? Prometido como a grande solução para a justiça no jogo, o VAR tem trazido ainda mais controvérsias do que certezas. A transparência nas decisões e a comunicação com os adeptos continuam a ser desafios enormes. Será que a IA já tem capacidade para fazer mais, mas está a ser propositadamente limitada? O potencial para decisões mais justas e rápidas existe, mas parece que o futebol ainda se agarra a uma certa opacidade que beneficia poucos e frustra todos os outros.
E os adeptos? A IA está a transformar a experiência deles de forma única. São experiências customizáveis, todas elas feitas só para si, como abrir a app do seu clube e encontrar um vídeo dos melhores momentos do seu jogador favorito ou ver-se alinhado no 11 inicial em imagens geradas especialmente para si. Tudo feito à medida de cada um, como a oferecida pela LaLiga Tech, que torna a experiência de ser fã mais íntima e única que nunca. Além disso, temos os já habituais assistentes virtuais que estão a transformar a interação com os adeptos, respondendo a dúvidas em segundos, o que cria uma sensação de proximidade e cuidado com o fã antes inimaginável. Porém, surge a pergunta: o que acontece com os dados recolhidos sobre atletas e fãs? A privacidade deve ser protegida com o mesmo fervor com que defendemos a baliza. Este é o grande desafio do futuro (ou talvez já do presente…).
Entre todas estas incertezas e possibilidades, acredito que estamos a viver um momento de ouro. Sabemos que a inteligência artificial nunca substituirá a emoção de um estádio cheio, nem o frenesim de um golo no último minuto, mas poderá amplificá-lo, permitindo que vivamos o desporto em toda a sua plenitude.
Como pessoas de interesse no desporto, temos a responsabilidade de abraçar esta revolução com ética e propósito. A inteligência artificial não é uma ameaça; é um reforço pronto para entrar em campo e fazer a diferença. Afinal, quando paixão e tecnologia jogam juntas, o resultado só pode ser a vitória.
Nuno Azevedo e Cardoso é CEO da PROPLAYER