Qualificação das Mulheres em Tecnologia e o ODS 5

Portugal enfrenta desafios significativos para alcançar esses objetivos. No caso do ODS 5 – "Alcançar a igualdade de género e empoderar todas as mulheres e raparigas" –, as estatísticas mostram um significativo gap de género nas áreas de STEM.
19 de Agosto, 2024

Segundo o Relatório do Desenvolvimento Sustentável de 2024, que avalia o progresso dos países em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), Portugal enfrenta desafios significativos para alcançar esses objetivos. No caso do ODS 5 – “Alcançar a igualdade de género e empoderar todas as mulheres e raparigas” –, as estatísticas mostram um significativo gap de género nas áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Em Portugal, 38% dos graduados em STEM são mulheres, comparado a 62% de homens. Na área de Tecnologia, a discrepância é ainda maior, com apenas cerca de 20% de mulheres.

Este gap de género, também observado em outros países, resulta de uma combinação de fatores sociais, culturais e educacionais, destacando-se os seguintes:

  • Currículo do ensino básico e secundário: A ausência de disciplinas específicas de Tecnologia (além das competências digitais básicas) não promove o interesse na área.
  • Estereótipos de género: Desde cedo, rapazes e raparigas são expostos a estereótipos que associam certas profissões a um género específico, o que pode desencorajar as raparigas de seguir carreiras em Tecnologia.
  • Falta de modelos de referência: A escassez de mulheres destacadas na área da Tecnologia priva as jovens de inspiração e motivação.
  • Desigualdades salariais, menos oportunidades de promoção e dificuldade na conciliação entre vida profissional e pessoal: Também contribuem para a menor participação e retenção de mulheres.

Para promover a igualdade de género e empoderar as mulheres na área da Tecnologia, é crucial adotar diversas estratégias:

  1. Educação e sensibilização desde cedo: Organizar workshops e atividades que promovam o contato com a Tecnologia. Em Portugal, programas como o Technovation Girls já visam capacitar raparigas de 8 a 18 anos em áreas STEM, incentivando-as a criar soluções tecnológicas.
  2. Revisão do currículo escolar: Incluir disciplinas de Tecnologia no ensino secundário é essencial para que os alunos compreendam os perfis e profissões disponíveis na área.
  3. Orientação vocacional atualizada: É fundamental que os orientadores vocacionais tenham informações atualizadas sobre as profissões e tendências no mercado de Tecnologia.
  4. Campanhas de sensibilização e combate aos estereótipos: Iniciativas como a campanha #ILookLikeAnEngineer nas redes sociais, que desafia os estereótipos sobre os profissionais de Tecnologia, são vitais. Promover histórias de sucesso de mulheres na Tecnologia também ajuda a quebrar preconceitos.

Essas estratégias combinadas são fundamentais para desmistificar a ideia de que a Tecnologia é uma área predominantemente masculina. Alcançar o ODS 5 não só promove a justiça social, mas também amplia a diversidade de ideias e soluções inovadoras, beneficiando toda a sociedade. Portanto, investir na educação, inspiração e oportunidades para mulheres na área da Tecnologia é um passo essencial para um futuro mais inclusivo e equitativo, alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Paula Morais é Prof. Associada do Departamento de Ciência e Tecnologia da Universidade Portucalense e Coordenadora da área de Responsabilidade Social da Universidade Portucalense 

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