Na vanguarda da análise de dados e das estratégias empresariais em inteligência artificial, Georges Harb partilhou a sua visão sobre como a Inteligência Artificial generativa está a redefinir as operações analíticas das organizações. Nesta entrevista, Georges Harb destaca as implicações imediatas, desafios e oportunidades associados à adoção desta tecnologia.
A IA generativa é frequentemente descrita como uma tecnologia transformadora na análise de dados. Qual é o impacto mais imediato que as organizações podem esperar ao integrar esta tecnologia nas suas operações analíticas?
A IA generativa introduz a geração de insights analíticos através de linguagem natural, eliminando a necessidade de competências técnicas em programação. Esta camada de interação permite que utilizadores comuniquem com sistemas em linguagem natural, com código e gráficos gerados automaticamente. Assim, democratiza o acesso ao business intelligence e acelera os processos analíticos, tornando-os acessíveis a talentos não técnicos dentro das empresas.
A CGI identificou indústrias específicas mais avançadas na adoção da IA generativa?
Os setores que tradicionalmente dependem fortemente de análise de dados – como serviços financeiros, telecomunicações, retalho e indústria transformadora – lideram na adoção da IA generativa. Estas indústrias já integram IA nos seus processos e, naturalmente, estão a explorar as capacidades da IA generativa como próxima etapa.
No whitepaper da CGI, é sugerido começar com funcionalidades IA generativa de pequena escala. Pode dar exemplos práticos de como empresas podem adotar esta abordagem?
Um primeiro passo seria implementar interfaces chat-like com funcionalidades analíticas básicas. À medida que estas são utilizadas e refinadas, podem ser acrescentadas tarefas analíticas mais complexas ou funcionalidades específicas da empresa. Temos observado que os clientes preferem avançar com cautela, priorizando uma abordagem de “Produto Mínimo Viável”, analisando custos, impacto organizacional e desafios de industrialização antes de escalar.
Onde as organizações devem focar-se inicialmente para maximizar o retorno do investimento?
Soluções de “ganhos rápidos”, como interações simples para insights básicos ou limpeza de dados textuais, são ideais para demonstrar valor rapidamente. A longo prazo, a IA generativa pode reduzir drasticamente o time-to-market e democratizar o uso de ferramentas analíticas, abrindo-as a um público mais amplo e diversificado dentro das empresas.
Como é que as empresas podem mitigar os riscos relacionados com a privacidade e segurança dos dados na utilização da IA generativa?
A conformidade com o RGPD exige análises rigorosas de impacto e a adoção de medidas de pseudonimização e anonimização dos dados utilizados para treinar modelos de IA. Além disso, é essencial equilibrar a utilização de grandes volumes de dados com o princípio da minimização, garantindo que indivíduos mantêm o controlo sobre os seus dados pessoais.
Quais as principais tendências para os próximos dois a três anos no campo da IA generativa?
A interação em linguagem natural democratizará ainda mais a análise de dados, enquanto os avanços em abordagens multimodais expandirão o escopo da análise para dados não estruturados – texto, voz, imagens e vídeo. Estamos a transitar de uma era centrada em dados para uma centrada em conhecimento.
Como as empresas podem preparar os seus talentos para tirar partido desta tecnologia?
A CGI colabora com universidades para criar programas de formação personalizados em IA para especialistas em dados experientes. A ligação entre empresas e o mundo académico é vital para enfrentar a escassez de talentos e garantir uma adoção responsável da IA generativa.
Para Georges Harb, a IA generativa não é apenas uma evolução tecnológica, mas um catalisador para transformar operações empresariais e criar vantagens estratégicas. Num contexto de rápida evolução e regulamentação complexa, as empresas portuguesas têm uma oportunidade única de liderar esta transformação, desde que abordem a adoção com cautela, estratégia e foco no desenvolvimento de talentos.