Lisboa na rota da inovação

Lisboa já não é apenas sinónimo de sol, gastronomia e vistas deslumbrantes sobre o Tejo. A capital portuguesa começa a ser, cada vez mais, um ponto fulcral na cartografia da inovação europeia — e uma boa parte dessa transformação passa por um nome que, apesar de recente, já se tornou referência: Unicorn Factory Lisboa.
28 de Março, 2025

Sob a liderança de Gil Azevedo, Diretor Executivo da iniciativa, a Unicorn Factory tem vindo a afirmar-se como o coração pulsante de um novo ecossistema tecnológico que pretende posicionar Lisboa, e Portugal, na linha da frente da inovação mundial.

Lançada em outubro de 2022, a Unicorn Factory não é apenas um centro de apoio a startups. É, como o próprio Gil Azevedo define, “um projeto transformador”, concebido para criar escala e projeção internacional ao tecido empreendedor nacional. E, passados dois anos e meio, os números e os resultados começam a falar por si.

A estrutura da Unicorn Factory assenta em cinco pilares estratégicos: incubação de startups, programas de scaling up, relações internacionais, empreendedorismo jovem e a criação de innovation hubs. Só no primeiro trimestre de 2025, o programa de incubação acolheu 50 novas startups — o mesmo número que se registava anualmente até há pouco tempo. E, no que diz respeito à internacionalização, já são 58 as scale-ups apoiadas desde o início do projeto.

Este crescimento acelerado tem reflexo direto na capacidade de captação de investimento: mais de 600 milhões de euros levantados por startups ligadas à Unicorn Factory, e mais de metade das rondas de financiamento realizadas em Portugal no último ano envolveram empresas apoiadas pela iniciativa lisboeta.

A atenção da comunidade internacional não tardou. O presidente francês Emmanuel Macron visitou o espaço a pedido da embaixada francesa, e seguiram-se delegações da Alemanha, Holanda, Reino Unido e Cabo Verde. Segundo Gil Azevedo, este interesse demonstra que Lisboa está, hoje, firmemente colocada no radar das capitais tecnológicas europeias.

A Unicorn Factory acompanha ainda as startups portuguesas em missões internacionais — do Web Summit Rio ao JITEX no Dubai, passando pela Slush, na Finlândia. Em todos esses eventos, foram geradas oportunidades de negócio e parcerias internacionais. “O retorno é real”, garante Gil Azevedo.

A materialização física deste ecossistema está no Hub de Inovação do Beato, onde sete dos 18 edifícios planeados já estão operacionais e com ocupação total. Para além de oferecer condições de excelência a empresas inovadoras, o hub tem vindo a dinamizar uma zona da cidade que antes se encontrava à margem do desenvolvimento urbano — já são mais de mil os postos de trabalho criados apenas neste núcleo.

“O Beato é hoje um polo de atração de talento, criatividade e investimento, e está a transformar o bairro e a cidade”, salienta o responsável.

Mas Gil Azevedo quer mais. A visão para o futuro passa por consolidar a Unicorn Factory como uma marca global de inovação, capaz de colaborar com redes europeias e de garantir às startups portuguesas acesso privilegiado a novos mercados.

Numa Europa que luta para recuperar terreno face a Estados Unidos e China, Lisboa pode desempenhar um papel chave. “Temos o talento, temos o conhecimento, temos a capacidade de inovar. Falta o enquadramento regulatório e a agilidade política”, defende Gil Azevedo.

Segundo o responsável, o discurso político europeu já reconhece a importância da inovação. O desafio agora é traduzir essas palavras em ação concreta. “A inovação não espera”, avisa. “Ou a Europa acelera, ou ficará para trás.”

Neste contexto, a Unicorn Factory Lisboa torna-se mais do que uma incubadora — é um estudo de caso sobre como políticas públicas, talento, investimento privado e ambição podem convergir num ecossistema vibrante, escalável e internacionalmente competitivo.

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