A inteligência artificial (IA) é vista como um motor fundamental para a inovação e o crescimento económico em Portugal. Quem o defende é Alexandre Nilo Fonseca, presidente da ACEPI – Associação de Economia Digital de Portugal, que, em entrevista à agência Lusa, destacou a urgência de abraçar a transformação digital e explorar o potencial da IA para aumentar a produtividade e a competitividade do país. “A aposta na inteligência artificial é uma oportunidade que não se deve perder”, afirmou Alexandre Nilo Fonseca, frisando os benefícios, mas também os desafios inerentes a esta tecnologia disruptiva.
Portugal Digital Summit 2024: um ponto de encontro para a inovação
A próxima edição do Portugal Digital Summit, organizada pela ACEPI, terá lugar nos dias 23 e 24 de outubro, no Técnico Innovation Center, em Lisboa. O evento, que se posiciona como o maior fórum de economia digital do país, reunirá cerca de 150 oradores, entre especialistas nacionais e internacionais, para discutir o futuro da IA e outras tecnologias emergentes. Com o tema “Inteligência Artificial: Crescimento Económico e Futuro da Inovação”, a cimeira incluirá três palcos distintos – Leadership Stage, Disruption Stage e Masters Stage – onde serão abordados tópicos como Big Data, Internet das Coisas (IoT), e-commerce e marketing digital.
Entre os destaques do evento está a participação de Ana Figueiredo, presidente executiva da Altice Portugal, João Pedro Oliveira e Costa, CEO do Banco BPI, e Rogério de Campos Henriques, CEO da Fidelidade, entre muitos outros. Estes líderes discutirão o papel fundamental da tecnologia e da transformação digital na construção de negócios mais resilientes e na preparação para os desafios futuros. A cimeira, que terá Espanha como país convidado, procura fomentar o diálogo e a colaboração transfronteiriça, com o objetivo de acelerar a transição digital e promover o crescimento sustentável além-fronteiras.
IA: um impulso para a produtividade, mas com cautela
Para Alexandre Nilo Fonseca, a IA tem o potencial de transformar setores essenciais, como a saúde, onde pode acelerar e melhorar diagnósticos de doenças graves, como o cancro e enfartes. “A inteligência artificial permite fazer análises em grande escala de exames médicos, identificando variações que o olho humano não consegue detetar”, explicou. No entanto, sublinha que a implementação da IA não deve ser feita de forma indiscriminada, sendo necessário considerar questões éticas e regulamentares, especialmente no que diz respeito à proteção de dados e privacidade.
Alexandre Nilo Fonseca expressou ainda uma preocupação com a legislação europeia sobre a IA, conhecida como AI Act. “Não estou a dizer que não devemos ter legislação, mas devemos ter cuidado para não criar uma barreira à inovação”, alertou, comparando a abordagem da Europa com a dos Estados Unidos e da China, que tendem a ser menos restritivos. Para o presidente da ACEPI, a regulação excessiva pode atrasar o desenvolvimento tecnológico europeu, colocando-o em desvantagem face aos concorrentes globais.
O caminho para uma economia digital robusta
O Portugal Digital Summit 2024 integra a Portugal Digital Week, uma iniciativa que decorrerá de 21 a 25 de outubro e que inclui outras atividades de relevo, como o “Dia de Compras na Net”, a 25 de outubro, e a entrega dos Prémios Navegantes XXI’24, onde o professor Arlindo Oliveira será homenageado com o Prémio Carreira pelo seu contributo para a sociedade e economia digital em Portugal.
Durante a cimeira, espera-se que sejam partilhadas ideias e estratégias para a aceleração da transformação digital, com ênfase na capacitação tecnológica e na formação de capital humano. “Este evento é uma oportunidade para refletirmos sobre o panorama nacional da digitalização e as competências necessárias para enfrentarmos o futuro”, enfatizou o presidente da ACEPI.
Perspetivas para o futuro
A discussão em torno da inteligência artificial e do seu impacto na economia digital não é nova, mas ganha uma dimensão particular no contexto de um evento como o Portugal Digital Summit. A cimeira surge num momento crucial em que Portugal, tal como o resto da Europa, precisa encontrar um equilíbrio entre inovação tecnológica e regulação eficaz. As questões levantadas por Alexandre Nilo Fonseca refletem uma realidade onde a velocidade da transformação digital desafia as estruturas legais e culturais estabelecidas.
Com a inteligência artificial a liderar as discussões, o Portugal Digital Summit 2024 poderá desempenhar um papel fundamental em definir o rumo da economia digital do país, promovendo o desenvolvimento de soluções tecnológicas que não só aumentem a produtividade, mas que também respeitem os valores fundamentais de privacidade e segurança. O que está em jogo não é apenas o futuro da tecnologia em Portugal, mas a capacidade do país em acompanhar a transformação digital global. É uma corrida onde a inovação é essencial, e na qual, segundo Alexandre Nilo Fonseca, Portugal não pode dar-se ao luxo de ficar para