O setor do turismo e viagens está a atravessar uma transformação profunda, impulsionada por uma nova onda de inovação tecnológica, onde a inteligência artificial (IA) emerge como um catalisador essencial. Segundo o relatório “Ascendant” da Minsait (Indra), a adoção da IA já é uma realidade para 80% das empresas do setor, que a integram em diversas áreas das suas operações diárias. Esta tendência não só promete redefinir a experiência do cliente, como também posiciona a tecnologia como um pilar estratégico para a competitividade futura.
IA: De uma ferramenta operacional que ajuda a fomentar estratégias
No coração desta revolução tecnológica, a IA está a ser utilizada principalmente para melhorar o conhecimento, o relacionamento e a experiência do cliente, um objetivo citado por 40% das empresas inquiridas. Luís Monção, diretor de Indústria e Consumo da Minsait em Portugal, sublinha a importância desta transformação ao afirmar que “a inteligência artificial emerge como um fator essencial para impulsionar as operações, a inovação e a melhoria contínua no setor de Turismo e Viagens nos próximos anos.”
A gestão de reservas e a venda de serviços turísticos são áreas onde a IA já está a ter um impacto tangível. Cerca de 33% das empresas do setor desenvolvem casos de uso específicos, como sistemas de recomendação hiperpersonalizados que ajustam as ofertas de acordo com as preferências individuais dos clientes. Estes sistemas não apenas aumentam a eficiência operacional, mas também elevam a qualidade da experiência do cliente, traduzindo-se numa maior fidelização e, por conseguinte, num aumento das receitas.
Os desafios na adoção da IA
A adoção da IA no setor não se limita às operações de front-office. Um terço das empresas já utiliza a tecnologia em áreas críticas como a gestão de operações logísticas e de hospedagem, bem como na promoção turística. A capacidade da IA de otimizar processos operacionais é outro benefício substancial, citado por 67% das empresas como uma das principais razões para a sua implementação. A automação e a inteligência preditiva permitem não só responder mais rapidamente às necessidades dos clientes, mas também prever tendências e adaptar-se proativamente às mudanças no mercado.
No entanto, a integração da IA não é isenta de desafios. A captação de talento com conhecimentos especializados em IA e a falta de mecanismos robustos de governação e segurança são barreiras significativas que muitas empresas ainda enfrentam. Estas dificuldades sublinham a necessidade de estratégias bem definidas para a adoção da IA, que incluam não apenas a implementação tecnológica, mas também o desenvolvimento de competências e infraestruturas adequadas.
Um caminho para a sustentabilidade
Outro aspeto destacado pelo relatório Ascendant é o papel da IA na promoção de práticas responsáveis e sustentáveis na indústria hoteleira. Com a crescente pressão para adotar práticas ESG (Environmental, Social, and Governance), a inteligência artificial surge como uma ferramenta vital. Por exemplo, a implementação de sistemas de gestão ambiental inteligente em hotéis não só ajuda a reduzir o impacto ambiental, como também promove uma gestão mais eficiente dos recursos, alinhando a sustentabilidade com a eficiência operacional.
O setor do turismo e viagens está a evoluir rapidamente, impulsionado pela integração da inteligência artificial. As empresas que conseguirem adaptar-se a este novo paradigma, adotando a IA de forma estratégica e eficaz, estarão melhor posicionadas para prosperar num ambiente competitivo e dinâmico. A tecnologia, ao permitir uma personalização sem precedentes, promete não só melhorar a experiência do cliente, mas também aumentar a eficiência e a sustentabilidade operacional.
À medida que o setor continua a evoluir, a capacidade de inovar e integrar tecnologias emergentes como a IA será fundamental para determinar os líderes do mercado nos próximos anos. O relatório Ascendant deixa claro que a IA não é apenas uma tendência passageira, mas sim uma força transformadora que poderá moldar o futuro do turismo e das viagens, redefinindo a forma como as empresas operam e se conectam com os seus clientes.