João Miguel Mesquita
Os mainframes, sistemas que há décadas sustentam as operações mais críticas de grandes empresas, estão a ganhar nova vida com o avanço da inteligência artificial generativa (GenAI). Tradicionalmente vistos como robustos mas conservadores, os mainframes agora destacam-se como plataformas inovadoras para o futuro das infraestruturas híbridas, alimentados pela convergência entre IA e computação em larga escala.
De acordo com um estudo recente do IBM Institute for Business Value (IBV), 78% dos líderes de TI de mais de 2.500 empresas inquiridas estão a integrar IA nas suas operações de mainframe, enquanto 79% afirmam que os mainframes são fundamentais para inovações baseadas em IA. Estes resultados indicam uma mudança de paradigma, onde a inteligência artificial é aplicada diretamente às cargas transacionais dos mainframes, promovendo novos insights e aumentando a produtividade.
Revolução da modernização com IA
Ferramentas alimentadas por inteligência artificial generativa estão a transformar a forma como as empresas abordam a modernização dos seus mainframes. Estas tecnologias estão a reduzir os tempos de amortização e a mitigar lacunas de competências, permitindo que equipas de desenvolvimento modernizem e criem aplicações de forma mais rápida e eficiente. Esta abordagem traz benefícios evidentes: 90% das empresas que modernizaram as suas aplicações de mainframe cumpriram ou superaram as expectativas em termos de orçamento, cronograma e alcance.
O papel da GenAI vai além da simples automação de tarefas. A sua capacidade de analisar grandes volumes de dados complexos e não estruturados oferece insights que seriam difíceis ou impossíveis de alcançar com abordagens tradicionais. Esta nova eficiência está a reconfigurar o panorama da modernização, com empresas a verem a GenAI como um motor crucial para melhorar a gestão e a manutenção dos seus sistemas.
Infraestruturas Híbridas: O futuro dos mainframes
À medida que as arquiteturas de computação híbrida se tornam predominantes — 91% dos líderes de TI afirmam apoiar esta abordagem — os mainframes emergem como a âncora dessas infraestruturas, oferecendo flexibilidade e potência de computação robusta. Contudo, as arquiteturas híbridas trazem desafios, nomeadamente a fragmentação dos sistemas e os custos elevados. Para enfrentar estes problemas, a IBM propôs o conceito “Hybrid-by-Design”, que visa alinhar as nuvens híbridas e a transformação digital, promovendo a interoperabilidade entre aplicações e ambientes.
Esta integração é essencial para o sucesso a longo prazo, com 88% dos executivos a concordar que a modernização de aplicações para operarem sem problemas num ambiente híbrido é vital. Ao conectar workloads entre mainframes locais e hyperscalers na cloud, as empresas podem alcançar níveis superiores de agilidade e inovação.
O papel da GenAI na transformação dos mainframes
Outros estudos corroboram esta tendência. Kyndryl, por exemplo, destacou como a GenAI está a transformar o ambiente de mainframe, ao fornecer análises mais rápidas e precisas sobre dados complexos e ao melhorar a eficiência das operações. A empresa revelou que 86% das organizações já implementaram ou planeiam implementar ferramentas de GenAI nas suas operações de mainframe.
Também a BMC, num estudo recente, reportou um crescente interesse pela implementação de AIOps — operações baseadas em inteligência artificial — nos mainframes, com 76% dos inquiridos a confirmarem o uso de GenAI nas suas estratégias de modernização.
Um futuro alimentado por IA
Para consolidar o seu lugar como líder em inovação, a IBM anunciou uma nova geração de mainframes Z e LinuxONE, equipados com o processador Telum II. Este novo chip promete melhorar a performance de cargas de trabalho intensivas em dados, graças a uma maior capacidade de memória e cache, bem como a aceleração dedicada para IA.
A revolução impulsionada pela IA nos mainframes não só maximiza o valor dos sistemas legados, como também os projeta para o futuro. À medida que a GenAI acelera a modernização e simplifica a integração com infraestruturas híbridas, as empresas que adotam esta transformação não só garantem a continuidade dos seus negócios, como também se posicionam à frente da curva tecnológica.
Este novo capítulo no mundo dos mainframes, onde a inteligência artificial generativa desempenha um papel central, evidencia a capacidade de adaptação de sistemas aparentemente imutáveis. O que outrora foi um bastião de estabilidade está agora no coração da inovação, alimentando a transformação digital global.
