Segundo fontes próximas da situação relataram a Reuters, o plano visa cortar custos de forma significativa, desinvestindo em negócios considerados não essenciais e reavaliando os investimentos de capital, numa tentativa de ressuscitar o destino da empresa.
Venda de unidades não estratégicas
Entre as medidas a serem propostas, está a possível venda de unidades de negócios que a Intel já não consegue sustentar com os lucros reduzidos que apresenta atualmente. Uma das divisões em foco é a Altera, adquirida por 16,7 mil milhões de dólares em 2015, que se especializa em chips programáveis. Embora já se tenha iniciado o processo de transformá-la numa subsidiária separada, o plano poderá avançar no sentido de uma venda total, com potenciais compradores a serem sondados. Marvell, um nome emergente no fabrico de chips de infraestrutura, é apontado como um dos interessados.
Esta estratégia surge num contexto de pressão crescente, onde a Intel enfrenta uma das suas piores fases, exacerbada pela ascensão meteórica de concorrentes como a Nvidia, que domina o mercado de chips para inteligência artificial. A capitalização bolsista da Intel, que já foi uma das mais elevadas do setor, caiu drasticamente para menos de 100 mil milhões de dólares após um segundo trimestre catastrófico, marcado pela suspensão dos dividendos e um corte de 15% na sua força de trabalho.
Reavaliar investimentos
Outro pilar fundamental do plano de Pat Gelsinger será a revisão dos investimentos em expansão fabril. Fontes Reuters indicam que o CEO poderá propor a suspensão, ou até o cancelamento, do ambicioso projeto de uma fábrica na Alemanha, avaliado em 32 mil milhões de dólares, cuja construção já sofreu atrasos. Este movimento refletiria uma tendência mais ampla dentro da Intel, que prevê reduzir o investimento de capital para 21,5 mil milhões de dólares em 2025, uma queda de 17% em relação a este ano.
A reorganização da Intel não se limitará à venda de ativos. A empresa contratou Morgan Stanley e Goldman Sachs para aconselhar o conselho de administração sobre quais os negócios a manter e quais a alienar. As mesmas fontes revelam que a Intel ainda não solicitou propostas formais para a compra das suas unidades, mas isso poderá mudar rapidamente, caso o plano de Pat Gelsinger receba luz verde.
O futuro da Intel
O próximo encontro do conselho, agendado para meados de setembro, será um momento crucial. A decisão sobre o futuro da Altera e outras unidades é vista como um teste à capacidade de Pat Gelsinger para conduzir a Intel através de um ambiente altamente competitivo e tecnologicamente exigente. A recente saída de Lip-Bu Tan, veterano da indústria dos semicondutores, do conselho de administração, após meses de debates internos sobre o rumo da empresa, deixou um vazio de experiência que poderá complicar ainda mais as decisões.
Pat Gelsinger, contudo, permanece firme no seu compromisso de revitalizar a Intel. Em declarações recentes, sublinhou a seriedade com que a empresa está a encarar as críticas dos investidores e reafirmou o foco na segunda fase do plano de recuperação da Intel. Todavia, as próximas semanas serão decisivas para determinar se a Intel conseguirá inverter a sua trajetória descendente ou se continuará a perder terreno face aos seus concorrentes mais ágeis e inovadores.
À medida que o conselho de administração se prepara para tomar decisões que poderão redefinir o panorama tecnológico, a indústria aguarda, atenta, o desenrolar deste capítulo na história da Intel. A proposta de Pat Gelsinger poderá bem ser a última oportunidade para a empresa recuperar a sua posição no topo da cadeia de valor dos semicondutores, ou arriscar-se a ser relegada para uma posição secundária numa indústria que ela própria ajudou a construir.