IA transforma o mercado de trabalho com novas profissões e uma crescente procura por talentos

No Dia do Trabalhador, a IA generativa surge como fundamental na transformação do emprego e da produtividade em Portugal.
1 de Maio, 2025

O 1 de maio, Dia Internacional do Trabalhador, chega este ano num contexto laboral marcado por fenómenos como a «grande demissão» e a «demissão silenciosa», que refletem o crescente mal-estar de muitos trabalhadores com as suas condições laborais. Ao mesmo tempo, a rápida adoção de tecnologias baseadas em inteligência artificial está a reconfigurar o panorama do emprego, com novas funções especializadas e um impacto direto na produtividade e na forma de trabalhar em diversos setores.

Diante do receio de que a IA substitua empregos, os dados disponíveis oferecem uma visão diferente: de acordo com o Relatório sobre o Futuro do Emprego 2023 do Fórum Económico Mundial, prevê-se que esta tecnologia gere um aumento de 16% no emprego total até 2033, o equivalente a 3,24 milhões de novos postos de trabalho. Este crescimento é acompanhado pelo surgimento de profissões inéditas, impulsionadas pela necessidade de adaptar os modelos generativos a diferentes usos e contextos empresariais.

Novos perfis profissionais em torno da IA generativa

Especialistas em inteligência artificial generativa, destacam o surgimento de várias funções laborais com grande procura. Entre elas, destaca-se o prompt engineer, responsável por traduzir as intenções humanas em instruções eficazes para os modelos de IA, uma tarefa fundamental em um ambiente onde as empresas desenvolvem catálogos internos de prompts reutilizáveis.

Também estão a ganhar relevância perfis como o auditor de IA, responsável por garantir que os sistemas cumprem o Regulamento Europeu de IA e os princípios éticos de cada organização. Na área linguística, surge o model trainer especializado em línguas ibéricas, com a tarefa de adaptar e avaliar modelos treinados com dados locais em diferentes línguas oficiais do Estado.

Do ponto de vista operacional, o AIOps manager é responsável por implementar e supervisionar agentes generativos em ambientes de produção, enquanto na área da experiência do utilizador, o Generative UX Writer concebe fluxos conversacionais multimodais que combinam texto, voz e imagem, ajustando a interação às necessidades do utilizador final.

Um mercado em expansão com escassez de talentos qualificados

Atualmente, setores como a banca, as tecnologias da informação, a cibersegurança e o marketing estão na vanguarda da adoção de ferramentas de IA em Portugal, com uma previsão de crescimento superior a 30% nos próximos anos. Este dinamismo é acompanhado por um problema estrutural: a falta de profissionais qualificados em IA generativa.

De acordo com estimativas da McKinsey & Company, entre 60% e 70% do tempo dedicado a tarefas de escritório seria tecnicamente automatizável por meio da IA generativa. Isso representa uma oportunidade para otimizar processos, mas também exige novas competências, especialmente em áreas como design de prompts, auditoria de vieses ou gestão de dados sintéticos.

Para os especialistas o desafio não está na tecnologia, mas no talento humano capaz de operá-la e aplicá-la de forma eficiente. De acordo com os dados recolhidos pelo Digital inside, os processos baseados em IA poderiam elevar a produtividade em Portugal em mais de 3% ao ano nos próximos cinco anos, desde que haja um investimento claro em formação técnica especializada.

Flexibilidade, conciliação e atração de talento feminino

Um dos fatores que aumenta a atratividade do setor tecnológico é a possibilidade de teletrabalho e flexibilidade de horário, o que favorece a conciliação entre a vida profissional e pessoal. Este ambiente também facilita a incorporação de mais mulheres no setor tecnológico, uma prioridade ainda vigente para alcançar uma maior paridade.

Os dados recolhidos por varias empresas especialistas do setor, permitem-nos destacar que uma em cada três pessoas da equipa dedicada à IA generativa, nas empresas europeias, são mulheres, o que evidencia uma aposta na diversidade como alavanca para criar soluções mais adaptadas às realidades do mercado, especialmente no caso das pequenas e médias empresas.

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