Uma equipa de 117 peritos de cinquenta países, incluindo representantes de instituições como a Universidade de Oxford, o Imperial College de Londres, a Universidade Técnica de Munique, Stanford e Harvard, desenvolveu o quadro FUTURE-AI, um conjunto de orientações para garantir que a inteligência artificial aplicada aos cuidados de saúde é segura, ética e fiável.
O consenso alcançado, recentemente aceite pelo BMJ, visa estabelecer boas práticas ao longo de todo o ciclo de vida das ferramentas de IA, desde a conceção à implantação e ao acompanhamento.
Garantir a confiança na IA aplicada aos cuidados de saúde
Apesar dos avanços na IA, a confiança nestas tecnologias continua a ser um desafio devido a preocupações éticas e de segurança. Para fazer face a estes riscos, o quadro FUTURE-AI estabelece seis princípios fundamentais que devem reger o desenvolvimento da IA no setor da saúde:
- Equidade: as ferramentas de IA devem funcionar de forma justa para todas as pessoas, independentemente da idade, do género ou da origem.
- Universalidade: os modelos de IA devem ser adaptáveis a diferentes sistemas de saúde e contextos globais.
- Rastreabilidade: a inteligência artificial deve ser monitorizada para garantir que está a funcionar corretamente e para permitir a sua correção caso surjam problemas.
- Usabilidade: as ferramentas devem ser intuitivas e fáceis de integrar na rotina dos profissionais de saúde.
- Robustez: os modelos devem ser treinados com dados diversos que reflitam as variações do mundo real e, para manter a sua precisão, devem ser avaliados e otimizados regularmente.
- Explicabilidade: a IA deve fornecer explicações claras para as suas decisões, permitindo que tanto os médicos como os doentes compreendam o seu funcionamento.
O documento de consenso publicado estabelece um código de boas práticas que fornece aos investigadores, às empresas tecnológicas e às entidades reguladoras um quadro comum para a implementação da IA na saúde com garantias de segurança e fiabilidade.
Com este quadro, os peritos esperam facilitar a adoção de ferramentas baseadas na IA no domínio médico, garantindo que estas tecnologias melhoram os cuidados de saúde sem comprometer a segurança e a equidade na sua aplicação.