Estudo refuta ligação entre telemóveis e cancro do cérebro

Um estudo encomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) concluiu que não existe qualquer ligação entre o uso de telemóveis e o aumento do risco de cancro no cérebro.
3 de Setembro, 2024

Um estudo encomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) concluiu que não existe qualquer ligação entre o uso de telemóveis e o aumento do risco de cancro no cérebro. Esta análise, que abrangeu quase três décadas de investigação a nível global, desafia preocupações persistentes sobre os potenciais efeitos nocivos da radiação emitida por dispositivos móveis.

A análise, publicada na passada terça-feira, examinou dados de 63 estudos conduzidos entre 1994 e 2022, sendo avaliada por um painel de 11 investigadores provenientes de 10 países diferentes, incluindo especialistas da autoridade de proteção contra radiações do governo australiano. A pesquisa foi coordenada pelo professor Mark Elwood, especialista em epidemiologia do cancro na Universidade de Auckland, na Nova Zelândia.

De acordo com o estudo, mesmo com o uso crescente e generalizado da tecnologia sem fios ao longo dos anos, não se verificou um aumento correspondente na incidência de cancros cerebrais. Este resultado é consistente mesmo entre os utilizadores que fazem chamadas telefónicas longas ou que utilizam telemóveis há mais de uma década.

A investigação aprofundou-se nos efeitos da radiofrequência, não apenas dos telemóveis, mas também de outros dispositivos como televisões, monitores para bebés e radares. Além dos cancros do cérebro, o estudo também analisou os riscos associados ao cancro da glândula pituitária, das glândulas salivares e à leucemia, sem encontrar qualquer evidência significativa de risco acrescido relacionado com a utilização de telemóveis, estações base ou exposição profissional.

Este novo estudo alinha-se com investigações anteriores, incluindo aquelas conduzidas pela própria OMS e outras entidades de saúde internacionais, que até à data não encontraram provas conclusivas de que a radiação utilizada por telemóveis tenha efeitos adversos significativos para a saúde. No entanto, a radiação dos telemóveis continua a ser classificada como “possivelmente cancerígena” (classe 2B) pela Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC), uma categoria que implica a impossibilidade de excluir completamente uma potencial ligação.

Face aos novos dados, o grupo consultivo da IARC recomendou uma reavaliação urgente desta classificação, que foi estabelecida pela última vez em 2011. Esta reavaliação poderá ajudar a esclarecer ainda mais as dúvidas persistentes sobre os riscos associados à utilização de telemóveis e outras tecnologias sem fios.

Para já, este estudo proporciona uma base sólida para tranquilizar os consumidores, à medida que a OMS continua a monitorizar e a investigar os possíveis impactos da tecnologia sem fios na saúde pública. Contudo, a organização apela à continuidade da investigação para garantir que qualquer risco potencial seja devidamente identificado e avaliado.

Com informações Reuters 

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