Equipas pedagógicas alertam para a utilização excessiva da tecnologia

Um inquérito a nível europeu encomendado pela  Epson mostra que 66% dos professores e 66% das famílias portuguesas querem que seja  dada mais atenção aos materiais impressos na sala de aula, tais como manuais escolares e  fichas de trabalho impressas. 
23 de Outubro, 2024

A notícia surge após anos de forte investimento em tecnologia educativa, especialmente em  computadores portáteis para os alunos de toda a Europa Ocidental. Já hoje, as equipas  docentes manifestam a sua preocupação: 33% consideram que os computadores portáteis e  os tablets podem ter um efeito prejudicial na aprendizagem. 

Pelo contrário, em Portugal a grande maioria dos professores e das famílias (89%) refere os  efeitos positivos da utilização de manuais escolares e fichas de trabalho impressas para as  tarefas tradicionais da sala de aula. Estas estatísticas corroboram a crescente evidência  académica de que os alunos (especialmente em idades mais jovens) aprendem melhor com  materiais impressos do que com a utilização de ecrãs. 

Alguns governos europeus já estão a tomar medidas. Em fevereiro de 2024, Lotta Edholm,  Ministra da Educação da Suécia, afirmou: “As melhores condições para o desenvolvimento” de competências básicas de leitura e escrita são obtidas em ambientes analógicos, utilizando  ferramentas analógicas”. Ao mesmo tempo, a ministra anunciou um investimento nos  manuais escolares de cerca de 44 milhões de euros por ano, a partir de 2024. 

Especificamente, quando se pediu aos professores que refletissem sobre o impacto que os tablets e os computadores portáteis podem ter na sala de aula, 79% dos professores  apontaram um ou mais desafios associados aos ecrãs

Mais de 28% afirma ter observado uma diminuição das competências de leitura, 23%  confirmam uma redução da capacidade de reter conhecimentos, 25% referem uma redução  da participação na sala de aula e 14% indicam que se verificou uma correlação com a redução  da atenção nas aulas. 

Mais de dois terços (67%) dos professores inquiridos de Portugal sublinham que os manuais  tradicionais e as fichas de trabalho impressas melhoram as competências de leitura, enquanto 54% dos professores e 45% das famílias notam uma maior retenção de conhecimentos com  materiais impressos

Além disso, 49% dos professores e 52% das famílias portuguesas afirmam que estes  materiais se adaptam melhor aos diferentes estilos de aprendizagem. 

Consequentemente, 45% dos professores concordam que os departamentos e os decisores  políticos devem interrogar-se se a introdução de computadores portáteis ou de tablets é uma  boa opção e 67% dizem que não estão suficientemente próximos da realidade do ensino para  fazerem as melhores recomendações. É evidente que os contratos públicos no sector da educação devem ter em conta estes pontos  de vista. Além disso, muitas famílias afirmam que o tempo de ecrã excessivo é uma das  causas de discussões em casa. E 62% concordam que a utilização de computadores portáteis nas escolas dificulta a gestão do tempo de ecrã em casa, especialmente quando os  trabalhos de casa têm de ser feitos em linha. 

Na procura de soluções, mais de metade das famílias portuguesas (56%) e três quartos dos  professores (75%) querem ver uma utilização mais equilibrada da tecnologia nas escolas, em  que esta seja utilizada apenas para melhorar alguns aspetos do ensino e da aprendizagem e  não apenas para o fazer. Isto exige uma abordagem híbrida da aprendizagem, em que os  recursos digitais e em papel sejam utilizados em conjunto.