As tendências ESG para 2025 revelam um panorama em transformação, onde a digitalização e a sustentabilidade emergem como pilares centrais para o mundo corporativo. Em conversa com Tiago Carrilho, Head of Knowledge and Training no BCSD Portugal, percebe-se que “este é o momento de transitar do capitalismo tradicional do “shareholder” para o capitalismo do “stakeholder”, promovendo a criação de valor partilhado”. Este conceito, inspirado pelo economista Michael Porter, redefine o papel das empresas ao integrar soluções de impacto social e ambiental nos seus modelos de negócio, mas acima de tudo mantendo o foco na rentabilidade. No encontro virtual promovido pelo BCSD Portugal, conferimos este cenário das principais tendências do ESG para 2025, debatidas em conjunto com o Tiago Carrilho, a Isabel Uchoa, CEO da Euronext e Philippa Nuttall, Editora do Sustainability Views – Financial Times.
Relatórios de sustentabilidade como ferramenta de gestão
Os relatórios de sustentabilidade, antes vistos apenas como uma obrigatoriedade regulatória, estão a tornar-se instrumentos de gestão indispensáveis. Segundo Tiago Carrilho, “fazer um relatório de sustentabilidade permite às empresas obter mais dados e informações para melhorar a gestão”. Esta tendência é acelerada pelas diretivas europeias, que ampliam significativamente os requisitos de reporte, promovendo transparência e facilitando decisões baseadas em indicadores ESG.
Pressão dos consumidores e cadeias de valor
Os consumidores, especialmente as gerações mais jovens, estão cada vez mais atentos às práticas sustentáveis das marcas. Empresas que não comunicam as suas iniciativas, correm o risco de perder relevância no mercado. Paralelamente, a pressão é ainda maior nas cadeias de valor: parceiros de negócio exigem evidências de sustentabilidade antes de estabelecer contratos, privilegiando fornecedores que cumprem critérios rigorosos.
Biodiversidade e capital natural
Outro ponto crucial é a integração da biodiversidade nas estratégias empresariais. Trabalhar a natureza, segundo Tiago Carrilho, vai muito além de ações simbólicas como “plantar árvores”. É necessário implementar métricas sérias que quantifiquem o impacto e os benefícios dos ecossistemas para os modelos de negócio.
Liderança e talento para a sustentabilidade
A falta de competências verdes no mercado representa um grande desafio. Muitas empresas enfrentam altas taxas de “turnover” e dificuldades em encontrar profissionais qualificados para liderar iniciativas ESG. Tiago Carrilho destacou a importância de apostar na formação e no desenvolvimento de talento: “Investir nos colaboradores é essencial para garantir a resiliência organizacional e a criação de valor a longo prazo”.
Criação de Valor Partilhado: um novo paradigma
A transição do capitalismo do “shareholder” para o capitalismo do “stakeholder” é um dos grandes marcos para 2025. Este conceito desafia as empresas a integrarem soluções inovadoras e sustentáveis nos seus modelos de negócio, abordando problemas sociais e ambientais sem perder o foco na rentabilidade. Como destacou Tiago Carrilho, “um negócio sustentável, se não der lucro, não é um negócio”.~
Digitalização e ESG: Uma convergência inevitável
A digitalização está a transformar a forma como as empresas monitorizam e reportam o seu impacto. Tecnologias como a inteligência artificial e blockchain permitem maior rastreabilidade na cadeia de valor, combatendo o “greenwashing” e promovendo a confiança. Empresas podem, por exemplo, usar QR codes ou passaportes digitais de produtos para fornecer informações detalhadas ao consumidor sobre a origem e o impacto ambiental dos bens.
Em 2025, o sucesso corporativo estará intrinsecamente ligado à capacidade das empresas de integrarem sustentabilidade e inovação nos seus processos. Como sublinhou Philippa Nuttall, “o progresso, e não a perfeição, será o mote”. Tiago Carrilho reforça esta ideia ao afirmar que “os dois vetores que vão transformar a sociedade 5.0 e as empresas, e que já estão a transformar, são a digitalização e a sustentabilidade”. Este é o momento para as organizações abandonarem a complacência e adotarem ações ousadas, que não só abordem os desafios globais, mas também garantam competitividade e relevância no mercado.