Já não é surpresa para ninguém que a Inteligência Artificial Generativa (GenAI) está, de facto, a revolucionar as nossas vidas, quer a nível profissional ou pessoal. Desbloqueámos um futuro sem precedentes, um novo universo repleto de conquistas magníficas, mas também recheado de riscos significativos. A questão que se impõe é: o que será que acontece quando aliamos duas superpotências como a GenAI e a Computação Quântica?
Os sistemas GenAI permitem a criação rápida de conteúdo de alta qualidade utilizando Modelos de Linguagem de Grande Escala (LLM) e Modelos de Linguagem Visual (VLM), gerando texto, código, imagens realistas e interpretação de imagens. Contudo, essas capacidades são suscetíveis a ataques e manipulações, aumentando os riscos de segurança, como a criação de conteúdos erróneos ou prejudiciais. Paralelamente, a Computação Quântica, que utiliza princípios da física quântica para realizar cálculos complexos, tem o potencial de quebrar algoritmos criptográficos considerados seguros, expondo vulnerabilidades.
A transição para a utilização destas tecnologias trouxe consigo implicações sociais, políticas e técnicas significativas. O treino de modelos com dados tendenciosos pode perpetuar preconceitos e discriminação, enquanto a automação de decisões pode acentuar desigualdades. Além disso, o uso excessivo da GenAI pode promover o isolamento social e sentimentos de solidão, além de potencialmente ser utilizada para monitorização excessiva dos cidadãos, restringindo liberdades individuais. Do ponto de vista laboral, a substituição de tarefas por GenAI pode gerar desafios sociais e políticos, especialmente onde a literacia tecnológica é insuficiente para manter os postos de trabalho existentes.
No entanto, acredito que a evolução destas tecnologias não precisa ser sinónimo de destruição dos nossos sistemas e organizações. É crucial refletir sobre como a GenAI e a Computação Quântica podem ser utilizadas em conjunto para mitigar os riscos associados. A GenAI, por exemplo, pode aperfeiçoar algoritmos de criptografia, ajudando a criar algoritmos pós-quânticos que resistam a ataques informáticos. Além disso, pode ser treinada para analisar grandes volumes de dados, identificar padrões incomuns e comportamentos suspeitos, antecipando tentativas de invasão ou exploração de vulnerabilidades dos sistemas.
A Computação Quântica, por outro lado, pode ser usada para gerar respostas automáticas e acelerar a aplicação de ações corretivas em incidentes de cibersegurança. Assim, a GenAI e a Computação Quântica, quando utilizadas de forma integrada, podem não só mitigar os riscos, mas também fortalecer a resiliência e a segurança das nossas infraestruturas digitais.
A abordagem cuidadosa e colaborativa entre GenAI e Computação Quântica representa um novo paradigma para a cibersegurança. Com recurso a uma abordagem multidisciplinar para garantir que os benefícios não comprometam a segurança e os valores fundamentais da sociedade, asseguramos dois aliados improváveis que podem preparar o terreno para um futuro digital mais seguro, onde os desafios de cibersegurança são enfrentados com recurso à inovação e colaboração.
Nuno Durval é Technology Platforms Operations Director da Inetum Portugal