A indústria das telecomunicações continua em constante transformação, sendo pressionada por vários fatores, como a concorrência ativa, os altos custos operacionais e a necessidade de inovação contínua. A crescente procura por serviços personalizados e focados no cliente, assim como a necessidade de experiências mais imersivas, realça a importância da transformação digital e do 5G, que surgem como soluções fundamentais para que os operadores se reinventem, não só para se destacarem perante a concorrência, mas também para fazer face a obstáculos constantes.
Assim, a transformação digital tornou-se num imperativo para os operadores de telecomunicações, que necessitam de melhorar a eficiência operacional e oferecer novos serviços que respondam às necessidades dos atuais e possíveis consumidores. Tecnologias como a inteligência artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), automação e análise de dados são fundamentais para a evolução do setor.
Hoje em dia, com a crescente pressão sobre os preços e a saturação do mercado de telecomunicações, os operadores precisam urgentemente de adotar tecnologias que ajudem a reduzir custos, melhorar a experiência do cliente e criar ofertas mais personalizadas que superem as expectativas dos consumidores. A digitalização de processos internos pode resultar numa significativa redução de custos operacionais, uma vez que a automatização de tarefas repetitivas e a utilização de redes inteligentes diminuem a dependência da intervenção humana e aumentam a eficiência. Além disso, a análise de grandes volumes de dados permite que as operadoras compreendam melhor o comportamento do consumidor e, com isso, ofereçam pacotes personalizados que respondam às necessidades individuais, evitando a concorrência baseada apenas em preços baixos.
A implementação de IA começa a ter, também, um papel de relevo na melhoria que os operadores necessitam de atingir para se destacarem da concorrência. A partir de chatbots e assistentes virtuais, os operadores podem oferecer atendimento permanente ao cliente, resolvendo questões simples e permitindo que os humanos se concentrem na resolução de problemas mais complexos. A IA pode também ser usada para prever as necessidades dos consumidores e sugerir serviços adicionais tendo por base o historial do seu comportamento, gerando uma experiência mais personalizada e aumentando a fidelização.
Nos últimos dois anos, a ascensão do 5G ajudou a impulsionar o setor, trazendo uma clara melhoria na velocidade da internet, e ajudando a criar novas oportunidades de negócio para os operadores de telecomunicações. O 5G não foi apenas uma evolução das redes móveis, mas também uma revolução na maneira como os consumidores interagem com o conteúdo e como os operadores podem criar novos serviços e modelos de negócios.
Olhando para o futuro, sabemos que a Comissão Europeia (CE) já está a dar passos importantes no sentido de preparar os países para o 6G e a próxima geração de comunicação. As possibilidades – podemos dizer – são praticamente infinitas, dando início a uma nova vaga de conectividade entre humanos, robots e a computação na nuvem, tornando o comércio mais seguro e fiável. No entanto, embora já se fale do 6G este não é, de todo, uma realidade global e ainda se encontra numa fase embrionária, estando o 5G a atingir, somente agora, níveis de maturidade superiores que mesmo assim não chegam a toda a população.
A transformação digital que estamos a vivenciar oferece uma série de oportunidades, também desafios que os operadores terão de superar. De acordo com a CE, o relatório de 2024 sobre o estado da Década Digital estima que serão necessários cerca de 200 mil milhões de euros até 2030 para se alcançar a plena conectividade em toda a União Europeia. Neste sentido, as operadoras têm de garantir que os benefícios desse investimento se vão efetivamente traduzir em novos fluxos de receita que superem os custos. Além disso, a concorrência de empresas de OTT (Over The Top), como a Netflix, Amazon Prime, YouTube, entre outras, representa uma ameaça crescente para os operadores, que precisam de oferecer mais do que a simples conectividade para se manterem competitivos nesta nova era.
A convergência de telecomunicações e media, juntamente com a plena implementação do 5G, pode ajudar a criar um ecossistema de serviços mais robusto e diversificado. As parcerias estratégicas entre operadoras e empresas de media podem ser a chave para criar ofertas integradas que respondam e superem as necessidades dos consumidores, ao mesmo tempo, que fornecem mais valor agregado, tornando as ofertas mais atrativas, além de expandir os próprios modelos de negócio.
A reinvenção é a chave para o futuro
A reinvenção dos operadores de telecomunicações não depende apenas da adaptação às novas tecnologias, mas da capacidade de criar novos modelos de negócios que respondam às necessidades dos consumidores e ao ambiente altamente competitivo deste setor.
Acredito que a convergência de telecomunicações e media, combinada com a inovação contínua proporcionada pelo 5G, será o diferencial competitivo para que os operadores consigam aproveitar e alavancar estas mudanças. Num mundo cada vez mais conectado, os operadores precisam de se reinventar e adotar novas abordagens, proporcionando uma experiência completa e real, que combine conectividade, conteúdo e inovação, garantindo a sua relevância num mercado em constante evolução e exigência.
Joana Eusébio é Project Manager em Telco e Media na Minsait em Portugal (Indra Group)