No Coffee Break desta semana, conversamos com Margarida Balseiro Lopes, Ministra da Juventude e da Modernização, que partilhou a sua visão sobre o estado atual da digitalização em Portugal e os desafios a superar para que o país possa acompanhar o ritmo da transformação digital na Europa.
Estado atual da Transição Digital
A Ministra destacou que a Estratégia Digital Nacional está numa fase final de definição, com um conjunto de ações a serem delineadas para curto e médio prazo. O foco principal da estratégia está em quatro pilares: pessoas, empresas, Estado e infraestruturas. A Ministra fez questão de frisar que, apesar dos avanços significativos nos últimos anos, o país ainda enfrenta várias “oportunidades de melhoria”, especialmente no que toca às competências digitais da população e à digitalização das pequenas e médias empresas (PMEs).
Em relação às competências digitais, um dos dados mais preocupantes refere-se ao facto de 44% da população portuguesa ainda não possuir competências digitais básicas. Este é um dos principais desafios a ser combatido, com a meta de atingir 80% da população com competências digitais até 2030, em alinhamento com a “Década Digital” da União Europeia.
Desafios para as PME e a Integração da Inteligência Artificial
A Ministra também abordou a questão das PME, mencionando que cerca de 54% destas empresas em Portugal têm um nível de intensidade digital básico, um valor abaixo da média europeia. O objetivo, de acordo com Margarida Balseiro Lopes, é atingir 90% até 2030, o que exigirá um forte investimento na digitalização e na adoção de tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial (IA).
Em particular, a IA tem sido um foco de atenção, com apenas 7% das PME a utilizar esta tecnologia. A Ministra frisou a importância de capacitar as empresas para que possam tirar pleno partido das oportunidades proporcionadas pela IA, alertando que um atraso na adoção desta tecnologia poderá ter consequências económicas significativas para o país.
Digitalização da Administração Pública
Outro tema central da conversa foi a modernização da administração pública. Portugal ocupa atualmente o 12.º lugar na UE no que toca a serviços públicos digitais, mas a Ministra reconheceu que há espaço para melhoria, especialmente na digitalização dos serviços voltados para as empresas, onde o país está em 20.º lugar.
Para melhorar esta situação, Margarida Balseiro Lopes destacou a recente implementação do gov.pt, uma plataforma digital única que tem como objetivo centralizar o acesso aos serviços públicos. Esta medida visa simplificar a relação entre o cidadão e o Estado, eliminando a necessidade de navegar por mais de 300 portais dispersos.
Inclusão digital e capacitação das pessoas
A Ministra reafirmou o compromisso do governo em garantir que ninguém seja deixado para trás, reforçando a rede de espaços do cidadão em todo o país, que atualmente conta com 902 espaços, com previsão de aumento para 1.143 até 2026. Estes espaços têm como função ajudar os cidadãos, especialmente os menos familiarizados com as tecnologias digitais, a acederem aos serviços públicos.
Parcerias público-privadas e o futuro digital de Portugal
A importância das parcerias entre o setor público e privado foi outra questão abordada. A Ministra salientou que o governo tem trabalhado de forma estreita com empresas de diferentes dimensões e regiões do país para garantir que as políticas de digitalização sejam desenhadas de forma inclusiva e eficaz.
Quando questionada sobre a visão para os próximos cinco anos, Margarida Balseiro Lopes foi clara: Portugal tem a ambição de se tornar um líder na adoção de tecnologias digitais, com especial foco na IA. A recente nomeação de Portugal para presidir ao D9 +, um grupo de países líderes no digital da UE, no segundo semestre de 2025, é um marco importante nesse caminho.
A transição digital de Portugal está em marcha, mas ainda há um longo caminho a percorrer. A Ministra da Juventude e da Modernização demonstrou otimismo, reconhecendo os desafios, mas também as grandes oportunidades que o país tem pela frente. Capacitar a população, digitalizar as empresas e o Estado, e investir em infraestruturas serão as chaves para posicionar Portugal como um líder digital na Europa.