No Coffee Break, desta semana, Josep María Raventós, Country Manager da Cegid para Portugal, falou abertamente sobre a transformação que a Cegid tem vivido desde a sua entrada no mercado português, marcada pela aquisição da Primavera BSS. Em conversa, Raventós explicou as estratégias, desafios e a visão de futuro da empresa francesa, que tem crescido significativamente através da integração de várias empresas tecnológicas locais, consolidando-se como uma força dominante no setor.
A pergunta que abriu a conversa foi direta: como tem sido a transição de uma marca consolidada como a Primavera para a Cegid, e como é que os clientes têm reagido a esta transformação? Raventós descreveu o processo como complexo, mas estratégico, destacando que a Primavera era um líder incontestável no mercado português e também muito relevante no continente africano. A integração, longe de ser uma simples mudança de nome, representa uma nova fase para a tecnologia empresarial em Portugal.
Aquisições Estratégicas: Fortalecer a Cegid em Portugal
Josep María Raventós destacou que a Cegid, fundada há 40 anos em França, tem investido fortemente na expansão internacional, especialmente desde 2017. Este crescimento tem sido sustentado por aquisições de empresas com tecnologia de ponta e posição de liderança nos seus mercados locais. Em Portugal, para além da Primavera, a Cegid adquiriu empresas como CloudWare, SAFA Online, Eticadata e Vendus, criando um ecossistema tecnológico robusto.
Segundo o executivo, estas aquisições não só ampliam a presença da Cegid, mas também lhe fornecem as ferramentas tecnológicas necessárias para dominar a próxima onda de inovação: o software em cloud. Josep María Raventós sublinhou que a Cloudware, por exemplo, desenvolveu soluções Full Cloud que são essenciais para o futuro da empresa. Esta abordagem permite à Cegid continuar a evoluir e a responder de forma eficaz às exigências do mercado.
A Integração
Quando questionado sobre a reação dos clientes da Primavera à integração, Raventós reconheceu que houve alguma preocupação inicial. “As empresas locais são frequentemente muito familiares e têm uma abordagem diferente ao mercado”, explicou. A transição para uma estrutura multinacional, com um ritmo acelerado de inovação, pode ter gerado receios de perda de personalização e ligação próxima, características apreciadas pelos clientes da Primavera.
No entanto, Josep María Raventós assegurou que esta integração traz vantagens substanciais. A nova estrutura permite investimentos robustos em inovação tecnológica, como a inteligência artificial (IA) generativa, que oferece uma eficiência sem precedentes. Frisou ainda que, ao longo do tempo, os clientes têm reconhecido os benefícios de pertencer a uma empresa com capacidade de investir em avanços tecnológicos, o que se traduz em melhor desempenho e maior retorno sobre o investimento (ROI).
IA Generativa: O futuro da eficiência empresarial
O executivo explicou como a Cegid está a incorporar IA generativa nos seus produtos. Esta tecnologia, segundo ele, promete transformar processos empresariais, reduzindo tarefas repetitivas e libertando os profissionais para se focarem em decisões estratégicas. “Cerca de 70% das tarefas realizadas com software são repetitivas. Com a IA generativa, podemos reduzir isso para 20%, aumentando a produtividade de forma exponencial”, explicou.
Como exemplo prático, Raventós ilustrou como a IA pode automatizar respostas a emails de forma personalizada e em segundos, ou como pode simplificar análises financeiras complexas, fornecendo insights instantâneos a partir de balanços ou contas de resultados. Este tipo de automação representa uma poupança de tempo significativa e aumenta a capacidade competitiva das empresas.
Ao ser questionado sobre a adesão dos clientes às novas soluções da Cegid, Raventós revelou que a empresa ainda está na fase inicial de lançamento em Portugal, após ter testado as soluções em França e Espanha. Contudo, destacou que a apresentação recente feita na Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) teve uma receção muito positiva, com CFO a ficarem impressionados com as vantagens do Cegid Pulse, a plataforma de IA generativa da empresa.
Josep María Raventós sublinhou ainda que a inteligência artificial não é uma ameaça, mas sim uma ferramenta para aumentar a eficiência e simplificar processos. “Os nossos clientes estão a perceber que esta tecnologia não vem substituir ninguém, mas sim proporcionar informações de forma mais clara e estruturada, ajudando as equipas a serem mais produtivas”, disse .
O futuro
A conversa encerrou com uma reflexão sobre o futuro do setor tecnológico europeu e a importância da consolidação para enfrentar os gigantes norte-americanos. Raventós acredita firmemente que a união de empresas sob um “chapéu de chuva” maior, como o da Cegid, é o caminho certo para garantir competitividade e resiliência no mercado global.
Com uma estratégia de aquisições e investimento em tecnologias de ponta como a IA, a Cegid está a posicionar-se como um líder inovador, pronto para ajudar a transformar o mercado português. Raventós expressou com orgulho a aposta no talento português, com 90% da equipa de IA generativa da Cegid a ser composta por engenheiros formados em Portugal. Esta é uma prova de que o país tem o potencial para contribuir significativamente para a transformação tecnológica global.