Gálio e germânio são materiais essenciais na produção de semicondutores, telecomunicações avançadas e tecnologia ótica infravermelha. A China domina o fornecimento global destes minerais, controlando mais de 80% da produção. Com a nova proibição, os EUA enfrentam uma potencial disrupção nas suas cadeias de abastecimento, especialmente em setores estratégicos como o militar e a tecnologia de ponta.
Nos últimos meses, Pequim já tinha imposto restrições à exportação de grafite, fundamental na produção de baterias para veículos elétricos, e de antimónio, utilizado em munições e mísseis de infravermelhos. Em julho, limites adicionais foram aplicados sobre produtos de gálio e germânio, com base em preocupações de segurança nacional.
Dual-use e controlo estratégico
Além das proibições específicas, a China reforçou recentemente os regulamentos sobre produtos de “uso dual”, ou seja, tecnologias com aplicações civis e militares. Este esforço inclui a criação de uma lista unificada de controlo de exportações e a exigência de maior transparência sobre os utilizadores finais destes produtos. Estas medidas permitem a Pequim mapear as dependências dos EUA em relação à sua cadeia de fornecimento, particularmente no complexo industrial-militar.
Este bloqueio reflete uma resposta estratégica da China às restrições impostas por Washington, que limitaram o acesso chinês a tecnologia avançada de semicondutores. Entre as sanções, incluem-se medidas contra empresas chinesas e barreiras à exportação de equipamentos de fabrico de chips para o país.
Além disso, Pequim tem utilizado ferramentas como a Lista de Entidades Não Confiáveis e a Lei de Sanções Anti-Estrangeiras para pressionar empresas norte-americanas. Em setembro, a China anunciou investigações contra a PVH Corp, proprietária das marcas Tommy Hilfiger e Calvin Klein, por alegado boicote ao algodão de Xinjiang, numa aplicação inédita destas regulamentações.
Ao endurecer as restrições comerciais, a China não só tenta salvaguardar os seus interesses estratégicos como procura enviar uma mensagem clara: o confronto económico e tecnológico tem custos para ambos os lados. Contudo, a escalada também aumenta os riscos de fragmentação nas cadeias de valor globais, podendo acelerar a corrida pela autossuficiência tecnológica em ambas as economias.
O desenrolar deste confronto terá implicações significativas, não apenas para a indústria de tecnologia, mas também para a geopolítica global. O equilíbrio de poder entre estas superpotências está, mais do que nunca, interligado ao domínio sobre recursos essenciais e tecnologia de ponta.
Com informação Reuters