Black Friday: a melhor promoção é a segurança

É essencial que os comerciantes invistam em cibersegurança e tenham essa responsabilidade de consciencialização para com os clientes
3 de Dezembro, 2024

A Black Friday está a chegar, e com ela chegam também novas oportunidades de burlas online. Esta é uma das épocas mais aguardadas do ano pelos consumidores, com descontos irresistíveis e oportunidades únicas de compra. Contudo, para os cibercriminosos, esta data representa igualmente um período de grande atividade e bem fértil para fraudes e ciberataques bem-sucedidos. 

A GNR alertou este ano para o aumento de burlas face ao ano anterior, destacando os crimes informáticos, com predominância no setor das comunicações – registaram-se mais de 21 mil casos associados a cibercrime. Neste período da Black Friday, é expectável que as tentativas de burlas e ataques sejam mais acentuadas, e como tal, é imprescindível um olhar mais atento. Entre as ameaças digitais mais comuns da Black Friday, destacam-se os ataques de phishing, que continuam a ser um dos ataques com maior incidência a nível nacional. Estes ataques, os quais envolvem o envio de e-mails, mensagens de texto ou de voz, encontram nesta data a oportunidade perfeita para provocar fraudes massivas através de ofertas irresistíveis que muitas vezes imitam marcas conhecidas e direcionam os consumidores para páginas falsas ou links maliciosos que roubam dados pessoais e financeiros. 

Sites falsos são outra técnica amplamente utilizada, já que, os cibercriminosos não têm limites e muitas vezes criam páginas idênticas a lojas legítimas, para conferir uma maior credibilidade ao ataque e atrair consumidores com preços muito baixos. As redes sociais, que se tornaram uma montra viva para promoções, também são os alvos preferenciais dos cibercriminosos, nomeadamente, através da inserção de anúncios falsos que prometem produtos populares a preços extremamente baixos. Para piorar a situação (dos consumidores), muitas pessoas recorrem a redes Wi-Fi públicas para realizar as suas compras online, sem perceber que essas redes abertas podem ser exploradas por hackers para intercetar informações confidenciais.

Perante tantos riscos, é imprescindível agir e adotar práticas que minimizem a exposição a fraudes. Em primeiro lugar, é crucial desconfiar sempre de ofertas que pareçam boas demais para serem verdade; frequentemente, são apenas iscos. Antes de realizar qualquer compra, é importante verificar sempre a legitimidade do site, e certificar-se de que o endereço é correto e a conexão é segura. Jamais deverá clicar em links enviados por e-mail ou SMS sem confirmar a sua origem, mesmo quando parecem credíveis – com a inteligência artificial generativa, já é muito fácil enviar uma mensagem altamente sofisticada, personalizada e sem erros. Outra recomendação importante é evitar redes Wi-Fi públicas para realizar compras ou acessos ao homebanking. Também para realizar pagamentos, é recomendável utilizar métodos mais seguros, como cartões de crédito virtuais ou plataformas como o PayPal, visto que fornecem camadas extras de proteção contra fraudes. Além disso, manter os dispositivos atualizados e utilizar um bom antivírus são medidas básicas que também podem fazer toda a diferença. 

Ainda assim, a consciencialização é a melhor defesa contra fraudes. Pesquisar sobre a loja antes de comprar, especialmente se não for conhecida, e ler avaliações de outros clientes. É também crítico lembrar que, empresas legítimas não pedem informações sensíveis, como passwords ou números completos de cartões em emails ou mensagens. 

Além das responsabilidades dos consumidores, também as empresas/lojas têm um papel crucial na prevenção destes “golpes” e armadilhas. É essencial que os comerciantes invistam em cibersegurança e tenham essa responsabilidade de consciencialização para com os clientes. A Black Friday pode ser uma experiência positiva, desde que se navegue com cautela no ambiente online. O entusiasmo pelas promoções não deve comprometer a segurança digital. Pequenas atitudes, como verificar a autenticidade de uma oferta ou usar redes seguras, podem efetivamente fazer toda a diferença. Apesar de estas serem apenas algumas dicas – quero até acreditar, que a maioria das pessoas já tenha conhecimento – é sempre bom relembrar. 

Apesar da noção coletiva dos riscos, muitas vezes, acabamos por cometer erros por impulsividade ou distração, mas também porque existe ainda uma ideia de que as consequências daquilo que acontece no ciberespaço não são tão graves como aquelas do mundo físico. Seria impensável alguém com a pressa sair de casa, deixar a porta aberta, certo? Ora, é essa atenção e esse cuidado redobrado que temos no mundo físico, que devemos igualmente aplicar no mundo virtual. 

Bruno Castro, Fundador & CEO da VisionWare. Especialista em Cibersegurança e Investigação Forense.

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