Ao dia de hoje, a questão não é “se” uma organização será alvo de um ciberataque, mas sim “quando”. Os ciberataques têm aumentado exponencialmente, nos últimos dois anos, verificou-se um aumento de 48% nos ciberataques de ransomware, causando prejuízos financeiros e graves danos reputacionais para as organizações (dados do Threat landscape Report da S21sec). Além disso, o perímetro de segurança das empresas tornou-se muito mais complexo, com a adoção do trabalho remoto, o recurso a soluções em cloud e à expansão de dispositivos interligados.
Cada negócio enfrenta riscos únicos e diferenciados. Empresas de diferentes setores estão expostas a diferentes tipos de ataques, pelo que a abordagem à cibersegurança deve ser personalizada e ajustada ao perfil de risco específico. Uma estratégia genérica de segurança pode ser ineficaz e até prejudicial, resultando em desperdício de recursos. Uma avaliação constante dos riscos permite um uso mais eficiente dos recursos e uma resposta mais alinhada com as necessidades reais de cada organização.
Com as ameaças a evoluírem constantemente, é imperativo adotar uma postura mais estratégica e proativa. A Threat Intelligence torna-se assim fundamental, permitindo a recolha de dados em tempo real para identificar e antecipar os riscos, preparando melhor as empresas para responder a ataques.
Outra forma de proativamente contribuir para o aumento da postura de segurança da organização é garantir que a segurança é parte integrante da cultura empresarial como um todo e não apenas das equipas tecnológicas. Todos os colaboradores devem estar devidamente formados para serem capazes de antecipar, identificar e reagir de forma correta perante algum tipo de ameaça que os envolva e que possa ser usada para atacar uma organização. Processos bem definidos e integrados permitem uma resposta rápida e eficaz a incidentes, garantindo que as organizações estão devidamente preparadas caso ocorra um.
Obviamente que a tecnologia desempenha um papel crucial na cibersegurança. Por exemplo, a automação e a Inteligência Artificial permitem a análise de grandes volumes de dados e melhoram a eficiência na deteção de comportamentos anómalos. No entanto, a capacidade humana de intuir, interpretar sinais subtis e contextualizar ameaças é insubstituível. Os especialistas em cibersegurança não só supervisionam e treinam a IA, como garantem que os sistemas automatizados evoluam e se adaptem a novas ameaças.
A colaboração entre humanos e tecnologia é, portanto, essencial. Enquanto a IA pode acelerar a resposta aos incidentes, o fator humano continua a ser a chave na postura de segurança das organizações, seja por ser “o elo mais fraco” nos ataques efetuados às organizações, como por ser fator um elemento decisivo na análise, mitigação e desenvolvimento da estratégica de segurança de uma organização.
À medida que o mundo digital continua a evoluir, as ciberameaças tornam-se cada vez mais sofisticadas. Contudo, com uma estratégia proativa, que combine tecnologia de ponta com a experiência humana e processos adequados, as empresas podem aumentar a sua resiliência. A cibersegurança não é um custo, mas sim um investimento crítico para a continuidade e o sucesso do negócio. Só com uma preparação contínua as organizações estarão prontas para enfrentar os desafios da segurança num futuro digital.
Paulo Silva é SOC Team Leader Portugal da S21sec