A inteligência artificial generativa emergiu como uma das tecnologias mais transformadoras da última década. Juntamente com a IA Preditiva a IA Prescritiva, estas forças motrizes estão por detrás de algumas das inovações mais interessantes nos negócios, na saúde e nas indústrias criativas. Se a IA preditiva se dedica a prever o futuro e a IA prescritiva a tomar decisões, a IA generativa está centrada em criar algo totalmente novo.
Esta possui a capacidade de criar conteúdos originais — desde textos e música, a imagens e vídeos — a partir de descrições simples. Esta capacidade de geração autónoma abre um leque de oportunidades sem precedentes, mas também coloca uma série de riscos que devem ser cuidadosamente geridos.
Uma das principais oportunidades da IA generativa é o seu potencial para impulsionar a criatividade e a inovação. No domínio do design, por exemplo, artistas e designers podem usar estas ferramentas para explorar novas ideias e conceitos que de outra forma não considerariam. Na indústria do entretenimento, a IA pode gerar guiões, músicas e efeitos visuais, reduzindo custos e tempos de produção. Além disso, no campo da educação, os sistemas de IA generativa podem personalizar o ensino, criando materiais pedagógicos adaptados às necessidades individuais de cada estudante.
Um dos aspetos mais fascinantes da IA generativa é a sua capacidade de combinar ideias de maneiras inéditas, potencialmente levando a inovações que os humanos talvez nunca concebam. É como ter um parceiro incansável de brainstorming com acesso à soma do conhecimento humano.
No entanto, como em todas as IAs, existem desafios e questões éticas importantes. À medida que estes sistemas se tornam mais avançados, teremos de enfrentar questões relacionadas com originalidade, direitos de autor e a própria natureza da criatividade. Há também o potencial de mau uso, como a criação de notícias falsas convincentes ou vídeos manipulados (deepfakes).
Estas oportunidades vêm, assim, acompanhadas de riscos significativos. Um dos mais preocupantes é o potencial para a criação e disseminação de desinformação. Os modelos de IA generativa podem produzir textos e vídeos falsos que são difíceis de distinguir dos reais, o que pode ser explorado para manipular a opinião pública ou difamar indivíduos. Além disso, existe o risco de estas tecnologias serem usadas para criar conteúdos ofensivos ou prejudiciais, levantando desafios éticos e legais. Por exemplo, recentemente, surgiu a suspeita de acórdãos de tribunal estarem a ser fundamentados em informações falsas geradas em chatbots, como o ChatGPT.
Outro risco importante é a possível perda de empregos. À medida que a IA generativa se torna mais sofisticada, pode substituir trabalhadores em diversos setores. Isto não só afetará os indivíduos, mas também poderá ter implicações económicas mais amplas, agravando a desigualdade e a polarização social.
Para mitigar estes riscos, é crucial estabelecer quadros regulamentares e éticos robustos. As empresas e os developers devem ser transparentes sobre como estes modelos são treinados e utilizados, e implementar salvaguardas para prevenir o uso indevido. Além disso, é essencial fomentar uma colaboração entre governos, indústria e sociedade civil para desenvolver políticas que equilibrem a inovação com a proteção dos direitos e a segurança dos indivíduos.
Em conclusão, a revolução da IA generativa oferece um vasto potencial para transformar múltiplos setores e melhorar as nossas vidas de formas inimagináveis. Contudo, é fundamental abordar proactivamente e de forma responsável os riscos associados a esta tecnologia, para garantir que os seus benefícios sejam realizados de forma equitativa e segura.
Santiago Mendez Colomo é Advanced Solutions Vice President at TD SYNNEX Iberia