A nova geração de agentes de inteligência artificial (IA) está a capturar a atenção da indústria. Apelidados de “agentes de IA”, estes sistemas são programados para executar tarefas complexas de forma autónoma, marcando uma clara distinção face às ferramentas de IA generativa, como os modelos de linguagem (LLM) ou plataformas de criação de conteúdo. Trata-se de uma evolução que promete reformular a forma como interagimos com a tecnologia e como delegamos responsabilidades no mundo digital.
De modelos de IA a Agentes proativos
Diferentes dos modelos tradicionais que criam texto, imagens ou música, os agentes de IA são concebidos para resolver problemas e executar tarefas, imitando o pensamento humano estratégico. Este avanço baseia-se no conceito de “agência” — ou a capacidade de software de agir de forma independente.
Os agentes de IA combinam capacidades como compreensão da linguagem, raciocínio, tomada de decisões e planeamento, permitindo-lhes atuar em contextos amplos: desde a gestão de workflows até ao controlo de dispositivos robóticos e interação com APIs. Este desenvolvimento possibilita o uso de múltiplos agentes colaborativos, formando sistemas integrados e distribuídos, como demonstrado pelo “Swarm”, o quadro experimental de agentes lançado pela OpenAI.
O impacto empresarial
De acordo com a consultora Capgemini, 82% das organizações planeiam implementar agentes de IA nos próximos três anos. Entre as aplicações mais comuns estão a geração de emails, análise de dados e desenvolvimento de software.
China Widener, vice-presidente da Deloitte, acrescenta que os agentes de IA estão a redefinir a personalização de serviços ao automatizar interações com clientes e a otimizar a deteção de fraudes e ameaças cibernéticas. Além disso, a revisão de políticas regulatórias e a identificação de lacunas em conformidade são tarefas que já beneficiam destas ferramentas, especialmente em setores altamente regulados, como finanças e saúde.
Por exemplo, startups estão a usar sistemas multi-agente para criar “folhas de cálculo inteligentes” que integram múltiplas fontes de dados, desempenhando tarefas sem intervenção humana. Outros casos incluem ferramentas para organizar dados não estruturados e colaborar em relatórios detalhados.
Riscos e regulamentação: Uma nova complexidade
Apesar das promessas, os agentes de IA trazem desafios. A manipulação de dados pode levantar questões éticas, como a privacidade de informações pessoais ou a interpretação errada de dados incompletos. Há ainda o risco de erros ou decisões inesperadas, alertam especialistas.
Com a regulação europeia, como o AI Act, a impor exigências crescentes, as empresas precisam de garantir a transparência e a responsabilidade em relação às decisões tomadas por agentes de IA. Estudos, como o relatório da Forrester Research, sublinham a necessidade de monitorização contínua para mitigar riscos de comportamento inadequado ou violações de políticas.
Matt Coatney, diretor de tecnologia de um escritório de advocacia norte-americano, afirmou que, embora os agentes de IA sejam promissores, os resultados ainda estão aquém do necessário para serem adotados em workflows reais.
Um futuro interligado com a inteligência
À medida que grandes empresas como Salesforce e Microsoft desenvolvem ferramentas que integram agentes de IA nos seus ecossistemas, o termo “agente” continua a ser amplamente definido e, por vezes, mal compreendido. No entanto, os avanços recentes indicam que estamos apenas no início desta transformação.
Com a capacidade de autonomizar tarefas e imaginar processos empresariais, os agentes de IA representam mais do que um simples avanço tecnológico: são uma janela para um futuro em que a tecnologia será mais do que uma ferramenta — será um parceiro ativo.
Com a complexidade das tarefas empresariais a crescerem exponencialmente, os agentes de IA surgem como uma solução capaz de responder às exigências modernas. Contudo, enquanto a tecnologia amadurece, será fundamental equilibrar inovação com responsabilidade, garantindo que esta revolução digital beneficia a sociedade de forma ética e sustentável.
Com informação Computerworld