A fase experimental da IA generativa está oficialmente encerrada

O tempo de experimentação da inteligência artificial chegou ao fim: empresas de todo o mundo estão a integrar a IA nas suas estratégias centrais, impulsionadas por avanços em modelos generativos e soluções escaláveis, mas ainda enfrentam desafios éticos, regulatórios e de qualificação para desbloquear todo o seu potencial.
25 de Novembro, 2024

Empresas em todo o mundo reconhecem que a integração estratégica desta tecnologia deixou de ser uma opção para se tornar uma prioridade competitiva. Um relatório recente da NTT Data, baseado em respostas de mais de 2.300 líderes empresariais de 12 indústrias e 34 mercados, sublinha que a inteligência artificial generativa está no epicentro desta transformação.

A Integração Estratégica da IA

Os números não deixam dúvidas: 83% das empresas já estabeleceram equipas dedicadas à IA generativa, e 70% dos executivos acreditam que esta tecnologia será um catalisador de mudanças significativas nos próximos dois anos. Contudo, 51% admitem ainda não ter alinhado as suas estratégias de IA generativa com os objetivos gerais do negócio, evidenciando a necessidade de um planeamento mais coeso.

Para além do alinhamento estratégico, o relatório destaca que 96% das empresas veem soluções baseadas na cloud como essenciais para suportar aplicações de IA generativa. Por outro lado, a maior barreira identificada é a infraestrutura obsoleta, um desafio reconhecido por 90% dos entrevistados.

Desafios Éticos e de Qualificação

Apesar do otimismo, os líderes empresariais enfrentam preocupações éticas e regulamentares que dificultam o progresso. Cerca de 89% identificam problemas de segurança, e três quartos dos inquiridos alertam para possíveis conflitos entre a adoção de IA generativa e metas de sustentabilidade. Para complicar, 82% consideram as regulamentações governamentais insuficientes ou ambíguas, um obstáculo para estratégias de longo prazo.

A falta de competências internas é outro entrave significativo: 72% das empresas não têm políticas claras de governança de IA, e dois terços relatam lacunas nas qualificações dos seus colaboradores. Em resposta, a aposta em formação e programas de capacitação surge como um imperativo.

Crescimento Acelerado em Todos os Setores

Apesar dos desafios, o investimento em IA generativa está a crescer transversalmente. Setores como logística, produção e saúde lideram o crescimento, com aumentos projetados de até 97% até 2025. Por outro lado, a administração pública é uma das poucas áreas a reduzir grandes investimentos, focando-se em iniciativas mais modestas.

A próxima fase de inovação em IA generativa deve concentrar-se em modelos linguísticos mais compactos e precisos (SLM), soluções multimodais capazes de lidar com diferentes formatos de dados e inteligência artificial baseada em agentes para a automação de fluxos de trabalho complexos. Estas tecnologias prometem revolucionar a interação com clientes e a eficiência operacional em setores críticos como saúde, finanças e manufatura.

Uma Nova Realidade

A transição de experimentação para integração plena é inevitável. Até 2027, a IA generativa deverá estar totalmente incorporada nas operações empresariais, transformando processos e experiências em todos os níveis.

As recomendações dos especialistas são claras: as empresas precisam de abandonar abordagens experimentais e avançar para investimentos estratégicos, com foco em infraestrutura escalável, parcerias tecnológicas e gestão de riscos. Este é o momento de decidir: adaptar-se ou ser ultrapassado. A inteligência artificial já não é o futuro – é o presente.

Opinião