2ª Série #1: Com Pedro Gomes Mota, Chief Data Officer Grupo Brisa

Iniciamos a segunda serie do Podcast “Dados à Conversa” com Pedro Gomes Mota, líder da área de dados do grupo Brisa, que partilhou a sua trajetória profissional com Hélder Quintela, desde os primeiros passos na teoria da decisão até à sua experiência na liderança de equipas de dados.
12 de Setembro, 2024

Iniciamos a segunda série do Podcast “Dados à Conversa” com Pedro Gomes Mota, líder da área de dados do grupo Brisa, que partilhou a sua trajetória profissional com Hélder Quintela, desde os primeiros passos na teoria da decisão até à sua experiência na liderança de equipas de dados. A conversa explorou os desafios e conquistas ao longo da sua carreira, em particular o modo como a análise e a gestão de dados desempenharam um papel central no seu percurso.

Pedro Gomes Mota recorda que o seu interesse por dados começou ainda na faculdade, onde a sua tese de mestrado que se centrou nos métodos de decisão, captou a atenção dos recrutadores da Capgemini, empresa onde iniciou a sua carreira. Ao longo da sua experiência na banca e no Caixa BI, Pedro lidou com data warehousing, dashboarding e reporting – áreas ainda pouco exploradas na época. Na Hitachi, Pedro teve ainda a oportunidade de aprofundar os seus conhecimentos, especialmente no que respeita à qualidade e estruturação de dados. Destacou o processo de construção de um data warehouse para um retailer no Reino Unido, um marco importante na sua aprendizagem sobre como criar soluções resilientes e adaptáveis.

A sua transição para a NOS proporcionou-lhe uma nova perspetiva, ao envolver-se na reestruturação de equipas de dados e na introdução de metodologias ágeis, como o Scrum. A gestão de equipas e a adaptação de processos mostraram-se desafios enriquecedores para Pedro, que continuou a acumular experiência em novas áreas. Na Caixa Geral de Depósitos (CGD), foi responsável pela criação de um data office e pela implementação de um data lake, onde liderou a transformação dos processos de engenharia de dados.

Pedro Gomes Mota destacou a sua experiência no Santander, onde assumiu uma postura mais focada no negócio, um salto que descreveu como fundamental para a sua carreira. Neste contexto, liderou três equipas distintas, com foco na engenharia de dados, relatórios e inteligência comercial, preparando o terreno para o seu atual papel na Brisa.

Quando questionado sobre os desafios na organização da estrutura de dados, Pedro Gomes Mota enfatizou a importância de ouvir e trabalhar em estreita colaboração com o negócio. Segundo ele, um dos erros mais comuns nas organizações é abordar os dados a partir da tecnologia, forçando estratégias baseadas em infraestruturas e equipas técnicas, sem considerar as reais necessidades do negócio. Para Pedro Gomes Mota, os dados devem ser entendidos como um serviço, não um fim, e o sucesso na sua gestão reside em encontrar as soluções mais adequadas para cada organização, tendo sempre em mente as necessidades específicas do momento.

Esta abordagem prática e centrada no negócio tem sido uma constante no percurso de Pedro Gomes Mota, que, ao longo dos anos, demonstrou uma profunda capacidade de adaptação e inovação na área de dados, contribuindo para a evolução de várias organizações em que trabalhou.

A Transformação Digital da Brisa

Pedro Gomes Mota sublinhou a importância das pessoas nas equipas de dados, destacando que a motivação e a literacia dos colaboradores são pilares fundamentais para o sucesso de qualquer projeto de transformação digital. Inspirado por experiências pessoais e profissionais, Pedro Gomes Mota defendeu que os dados são, em última instância, sobre a forma como as pessoas se organizam e comunicam. “Muito do que são dados tem a ver com as pessoas”, afirmou, salientando a necessidade de uma abordagem personalizada à aprendizagem e à capacitação das equipas.

Para Pedro Gomes Mota, a formação contínua é essencial, dado que a área de dados está em constante evolução, com novas tecnologias a emergirem a um ritmo acelerado. Referiu, por exemplo, o crescimento exponencial das plataformas de inteligência artificial, especialmente desde 2022. Este foco na atualização e no desenvolvimento das capacidades técnicas das equipas é um ponto central da estratégia da Brisa.

Pedro Gomes Mota abordou também a integração dos dados nas estratégias de transformação digital das empresas, argumentando que muitas organizações ainda falham em compreender o verdadeiro valor dos dados. Para o executivo, os dados não devem ser vistos como um fim, mas como uma parte essencial da solução de problemas concretos.

Na Brisa, a transformação digital é abordada de forma estruturada, com duas camadas de ação: uma focada na entrega imediata de valor e outra nas fundações de longo prazo. Pedro Gomes Mota explicou que, ao trabalhar em casos de uso com impacto imediato, é possível gerar valor enquanto se constroem as infraestruturas necessárias para o futuro.

Quando questionado sobre os casos de uso na Brisa, Pedro Gomes Mota revelou a vasta gama de aplicações de dados na organização, desde a segurança rodoviária à descarbonização da frota. A Brisa tem como objetivo ambicioso a redução de acidentes e a melhoria da manutenção das suas infraestruturas, utilizando dados e inteligência artificial para otimizar processos e prever incidentes.

Além disso, a Brisa está comprometida com a sustentabilidade, trabalhando para alcançar emissões zero até 2045. Neste contexto, os dados são cruciais para a otimização da frota e da rede de carregamento de veículos elétricos.

Outros exemplos de inovação incluem a personalização dos serviços da Via Verde e o desenvolvimento de soluções autónomas, como lojas automáticas. Tudo isto é apoiado por uma forte estratégia de análise de dados, que permite otimizar o serviço ao cliente e aumentar a eficiência das operações.

Para Pedro Gomes Mota, a tecnologia já está disponível para resolver muitos dos problemas atuais, mas há desafios adicionais. A privacidade de dados e a cibersegurança são áreas prioritárias, com a Brisa a investir fortemente em soluções que garantam a proteção dos dados e a segurança das infraestruturas.

Outro ponto importante é a regulação, especialmente no que diz respeito à utilização da inteligência artificial. A Brisa está empenhada em assegurar que a IA é utilizada de forma ética e responsável, em conformidade com as novas regulamentações europeias.

Esta conversa evidenciou a importância dos dados como motor da transformação digital, mas também como parte de um ecossistema mais amplo que inclui tecnologia, pessoas e processos. A Brisa está na vanguarda da inovação, utilizando dados para melhorar a sua operação, garantir a segurança rodoviária e promover a sustentabilidade, ao mesmo tempo que enfrenta os desafios tecnológicos e regulatórios com responsabilidade e visão estratégica.